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Baixa procura
Pouca adesão inicial a programa do MEC para formar professor indica necessidade de mobilizar as três esferas federativas
A NECESSIDADE de melhorar a formação dos
professores brasileiros
é consenso no debate
sobre estratégias para avançar
na qualidade do ensino.
A fim de atender a essa demanda, o MEC (Ministério da Educação) preparou um plano para
ofertar 330 mil vagas até 2015
em cursos para docentes de escolas públicas. O objetivo é chegar àqueles que ainda não têm
nível superior ou que não fizeram licenciatura na disciplina
específica em que dão aulas.
O plano parecia perfeito no papel, mas uma reportagem do jornal carioca "O Globo" acaba de
mostrar que há indícios preocupantes de desinteresse, por parte
dos próprios profissionais, em
melhorar sua formação.
Dezesseis dias após o anúncio
do plano -e a 15 do prazo final de
inscrição-, apenas 5.794 profissionais haviam feito inscrição
para as 52.894 vagas, o que dá um
percentual de 11%. Em Estados
mais pobres e com indicadores
educacionais piores, a situação é
ainda mais inquietante: Piauí,
Maranhão e Bahia tiveram, até
agora, menos de 4% de inscritos
em relação às vagas oferecidas.
A baixa procura levou o MEC a
lançar uma campanha para informar aos professores a possibilidade de, gratuitamente, complementar sua formação em períodos nos quais não estejam em
aula. A preocupação se justifica,
especialmente quando se recorda da desastrosa iniciativa do governo federal de erradicar o analfabetismo adulto.
O presidente Lula iniciou seu
primeiro mandato com a promessa de acabar com o analfabetismo num prazo de quatro anos.
Montou um plano ambicioso para alfabetizar 20 milhões de brasileiros. O próprio Lula chegou a
dizer, no lançamento do programa, em 2003, que o desafio era
"menos de dinheiro" e "mais de
disposição política".
Os resultados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, mostram que
não se chegou nem perto disso.
De 2002 a 2006, a queda no número de analfabetos foi irrisória,
de 14,8 milhões para 14 milhões.
O último dado disponível, de
2007, mostra que o país ainda
tem 10% de sua população adulta
sem saber ler ou escrever um bilhete simples.
Um dos motivos para esse fracasso pode ser pesquisado na
própria Pnad: o percentual de
analfabetos que diziam frequentar escola ou curso de alfabetização nunca superou 4% na série
histórica da pesquisa. Em resumo, montou-se um plano que parecia bem elaborado nos gabinetes da burocracia de Brasília, mas
que foi por água abaixo por falta
de demanda.
Ainda há tempo para prevenir
que o mesmo ocorra com a formação de professores. Para isso,
será necessário maior empenho
não apenas do Ministério da
Educação, mas, também, de Estados e municípios. Eles terão
que dar estímulos concretos para incentivar seus docentes a
melhorarem sua capacitação e
conciliarem a iniciativa com as
atividades em sala de aula.
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