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ELIANE CANTANHÊDE
CPI da CPI
BRASÍLIA - A CPI do Banestado quebrou o sigilo bancário de milhares de
pessoas: banqueiros, executivos da
área financeira, craques brasileiros
do futebol internacional. E deixou
uma dúvida: para quê?
Uma possibilidade, que parece ingênua, mas não pode ser simplesmente descartada, é a de que foi para
fazer "justiça", descobrir maracutaias, confirmar culpas, zelar pelo
bem público. Nessa hipótese, os senhores parlamentares sentiram-se
paladinos da moralidade e mandaram ver na vida bancária dos "peixes
graúdos". Apenas foram um tanto
incompetentes e relaxados.
Uma segunda possibilidade, nada
absurda e até plausível, é que alguém, por moto próprio ou servindo
a interesses alheios, aproveitou-se da
"oportunidade" para fazer um gordo
arquivo das contas e depósitos dos
outros, imaginando algo assim: informação nunca é demais, serve para
mil e uma utilidades.
Uma terceira possibilidade, também nada absurda, apesar de assustadora, é que governos, partidos ou
parlamentares estavam tentando
-e conseguiram- listar contas, depósitos e negócios dos grandes financiadores de campanhas eleitorais.
Primeiro, óbvio, porque eles têm a
grana. Segundo, porque ficariam suscetíveis -em tese, frise-se- a chantagens e achaques.
Em qualquer caso, a maior vítima,
evidentemente, foi quem está com
sua movimentação bancária exposta
por aí a troco de nada. O próprio
Congresso também sai chamuscado,
porque a coisa toda virou um circo
-um circo pegando fogo, com os petistas e os tucanos da comissão jogando uns aos outros na fogueira. (E
imaginar que a CPI foi feita para pegar o PFL...).
Mas a maior vítima é a própria instância CPI, depois de todo um passado de lutas e glórias. Ao atentar contra princípios básicos do direito individual, a CPI do Banestado oscila entre o ridículo e a ameaça de anarquia. Ou acaba logo, sem choro nem
vela, ou não tem jeito: CPI da CPI!
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