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CLÓVIS ROSSI
Governo, partido e país
SÃO PAULO - Vem do PT do Acre a sugestão mais sensata ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva: convocar,
além do Conselho da República, os
ex-presidentes José Sarney, Fernando
Henrique Cardoso e Itamar Franco,
já que eles "também enfrentaram crises de grandes proporções e podem
contribuir com suas experiências".
O documento é assinado pelo governador Jorge Viana, pelos dois senadores petistas do Estado, por outras lideranças políticas e também
pelo presidente da CUT-AC.
Diz uma coisa que nem o presidente nem seus conselheiros foram capazes de enxergar: "A primeira responsabilidade do presidente da República não é com o partido nem com o governo, mas com o país".
É incrível que o PT federal não consiga ver o que se vê "desta pontinha
da pátria que é o Estado do Acre", como diz o texto, para acrescentar: "A
angústia que sentimos ao ver os nossos melhores sonhos transformados
num pesadelo horrível é igual a de todos os brasileiros em todos os lugares
desse imenso país".
A sugestão é sensata não apenas
por chamar a atenção para o óbvio
mas por admitir, implicitamente,
que, sozinho, o presidente não irá a
lugar nenhum.
Como já não há solução ótima nem
boa, apenas ruim ou pior, é melhor
tentar esse caminho do que insistir
em ficar trancado no bunker do Torto -que é mais torto que bunker.
A questão não é apenas se haverá
ou não batom na cueca de Lula suficiente para iniciar um processo de
impeachment. A questão é com quem
Lula vai governar se não houver impeachment. Seu partido, o único que
conheceu na vida toda, está em concordata, sob nova direção, que pode
"refundá-lo", como passou a ser moda dizer, ou decretar falência.
Sua base de apoio está toda ela, salvo micropartidos, apodrecida pela já
comprovada participação no criminoso esquema do PT.
Indignação não basta. É preciso
tentar refazer o pantanoso e movediço solo em que pisa o governo.
@ - crossi@uol.com.br
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