São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2007

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Do recall à prevenção

NA ORIGEM do recall de mais de 18 milhões de brinquedos com ímãs da empresa Mattel, 850 mil deles no Brasil, estão três acidentes ocorridos nos Estados Unidos. Com poucos milímetros de espessura, os magnetos se descolaram dos objetos, foram engolidos por crianças e causaram perfurações intestinais que exigiram cirurgias de emergência.
Com base no trio de casos, o fabricante já havia determinado em novembro de 2006 um recolhimento inicial de oito itens. Também iniciou uma revisão de toda a linha de produtos parecidos, com o auxílio da Comissão de Segurança de Produtos de Consumo (CPSC) dos EUA. Daí surgiram duas outras providências: reforço da contenção dos ímãs e o atual recall ampliado, com 63 modelos de brinquedo.
Era o mínimo que o fabricante poderia fazer, tendo em vista que seu controle de qualidade não se mostrara capaz de prevenir a falha de segurança. No Brasil e em outros países, no entanto, acidentes similares talvez passassem despercebidos. Por uma deficiência institucional que pode e necessita ser sanada, falta um registro de acidentes de consumo.
Nos EUA, a CPSC mantém um sistema para recebimento e centralização desse gênero de informação. Consumidores, policiais, bombeiros, médicos e hospitais podem reportar acidentes e mortes relacionados com determinados produtos. Após triagem, a comissão decide se é o caso de acionar o fabricante.
A criação de um órgão similar no Brasil, o Sistema Nacional de Controle de Acidentes de Consumo, chegou a ser proposta num projeto de lei (nš 4.302/2004) da Câmara dos Deputados. Aprovado em duas comissões, o projeto terminou arquivado pela Mesa da Câmara em janeiro passado. A prevenção de acidentes evitáveis como esses parece razão bastante para retomar a proposta.


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