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Mesmice paulista
Larga vantagem de Alckmin reflete bons resultados dos tucanos em São Paulo, conservadorismo do eleitor e falta de renovação política
Ao mesmo tempo em que perde
fôlego em São Paulo na disputa
presidencial, o PSDB avança e parece avizinhar-se de uma vitória
sem sobressaltos no pleito para o
governo do Estado. De acordo com
a mais recente pesquisa Datafolha, Geraldo Alckmin, com 54%
das intenções, venceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje.
De um lado, o favoritismo do ex-governador reflete a aprovação
aos anos de administração tucana. Desde a posse de Mário Covas,
em 1º de janeiro de 1995, políticos
do PSDB têm sido eleitos para o
Executivo paulista.
Covas, lembre-se, recebeu a
"herança maldita" de um Estado
em péssimas condições financeiras, após os governos de Orestes
Quércia e Luiz Antônio Fleury. A
duras penas as dívidas foram sanadas e as seguidas administrações tiveram sucesso em áreas relevantes, como a segurança.
No entanto, por mais que se reconheçam os méritos do PSDB, é
preciso olhar também as carências dos adversários. Se no terreno
da situação os candidatos se repetem numa espécie de rodízio eleitoral da mesmice, no campo da
oposição o quadro não é diferente.
Mais uma vez o petista Aloizio
Mercadante entra em cena, deixando à margem a ex-prefeita
Marta Suplicy, que já havia naufragado na tentativa de fazer de
sua passagem pela maior cidade
do país um trampolim para chegar
ao Palácio dos Bandeirantes.
Na realidade, pouco mudaria.
Marta e Mercadante, assim como
Alckmin, fazem parte de um elenco de políticos sedimentado, que
dá sinais de desgaste e dificuldade
de se renovar.
No palco eleitoral paulista as
"novidades" são Celso Russomanno (PP), Paulo Skaf (PSB) e Fábio
Feldmann (PV), nomes que até
aqui não conseguiram entusiasmar. É de perguntar, aliás, se a falta de entusiasmo não seria um traço em ascensão no eleitorado paulista, mais inclinado a garantir
uma gestão segura do Estado do
que a pressionar por mudanças
que possam representar riscos.
Não deixa de ser curioso que
Alckmin, segundo a pesquisa, obtenha excelente resultado entre os
mais jovens. Alcança 65% das intenções de voto na faixa de 16 a 24
anos, supostamente a mais inclinada a mudanças -enquanto
Mercadante fica com 8%.
Essa tendência conservadora e
pragmática favorece o continuísmo, num quadro em que São Paulo, se não apresenta desempenho
empolgante, segue progredindo
em meio à boa maré da economia.
Além de São Paulo, a tendência
continuísta também deve se concretizar na maioria dos Estados,
impulsionada pelas máquinas
eleitorais e pelos bons ventos econômicos. Uma exceção, que não
chega a surpreender, é a governadora Yeda Crusius, que vai mal na
campanha gaúcha.
Menos esperado é o cenário mineiro, no qual a ótima avaliação
do ex-governador Aécio Neves
não se transferiu para Antonio
Anastasia. O desfecho em Minas,
porém, ainda é incerto, ao contrário do caso do RS, onde a governadora já é carta fora do baralho.
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