São Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 2010

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Mesmice paulista

Larga vantagem de Alckmin reflete bons resultados dos tucanos em São Paulo, conservadorismo do eleitor e falta de renovação política

Ao mesmo tempo em que perde fôlego em São Paulo na disputa presidencial, o PSDB avança e parece avizinhar-se de uma vitória sem sobressaltos no pleito para o governo do Estado. De acordo com a mais recente pesquisa Datafolha, Geraldo Alckmin, com 54% das intenções, venceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje.
De um lado, o favoritismo do ex-governador reflete a aprovação aos anos de administração tucana. Desde a posse de Mário Covas, em 1º de janeiro de 1995, políticos do PSDB têm sido eleitos para o Executivo paulista.
Covas, lembre-se, recebeu a "herança maldita" de um Estado em péssimas condições financeiras, após os governos de Orestes Quércia e Luiz Antônio Fleury. A duras penas as dívidas foram sanadas e as seguidas administrações tiveram sucesso em áreas relevantes, como a segurança.
No entanto, por mais que se reconheçam os méritos do PSDB, é preciso olhar também as carências dos adversários. Se no terreno da situação os candidatos se repetem numa espécie de rodízio eleitoral da mesmice, no campo da oposição o quadro não é diferente. Mais uma vez o petista Aloizio Mercadante entra em cena, deixando à margem a ex-prefeita Marta Suplicy, que já havia naufragado na tentativa de fazer de sua passagem pela maior cidade do país um trampolim para chegar ao Palácio dos Bandeirantes.
Na realidade, pouco mudaria. Marta e Mercadante, assim como Alckmin, fazem parte de um elenco de políticos sedimentado, que dá sinais de desgaste e dificuldade de se renovar.
No palco eleitoral paulista as "novidades" são Celso Russomanno (PP), Paulo Skaf (PSB) e Fábio Feldmann (PV), nomes que até aqui não conseguiram entusiasmar. É de perguntar, aliás, se a falta de entusiasmo não seria um traço em ascensão no eleitorado paulista, mais inclinado a garantir uma gestão segura do Estado do que a pressionar por mudanças que possam representar riscos.
Não deixa de ser curioso que Alckmin, segundo a pesquisa, obtenha excelente resultado entre os mais jovens. Alcança 65% das intenções de voto na faixa de 16 a 24 anos, supostamente a mais inclinada a mudanças -enquanto Mercadante fica com 8%.
Essa tendência conservadora e pragmática favorece o continuísmo, num quadro em que São Paulo, se não apresenta desempenho empolgante, segue progredindo em meio à boa maré da economia.
Além de São Paulo, a tendência continuísta também deve se concretizar na maioria dos Estados, impulsionada pelas máquinas eleitorais e pelos bons ventos econômicos. Uma exceção, que não chega a surpreender, é a governadora Yeda Crusius, que vai mal na campanha gaúcha.
Menos esperado é o cenário mineiro, no qual a ótima avaliação do ex-governador Aécio Neves não se transferiu para Antonio Anastasia. O desfecho em Minas, porém, ainda é incerto, ao contrário do caso do RS, onde a governadora já é carta fora do baralho.


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