São Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 2010

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Editoriais

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Mudar o futuro

Exercícios de futurologia, em economia, só fazem multiplicar de modo exponencial as incertezas inerentes às predições da "ciência lúgubre". Se já é difícil prever com exatidão o crescimento do PIB neste ano, pouco se pode dizer de seguro sobre as décadas por vir.
A ressalva se aplica bem às projeções do banco Goldman Sachs para 2032 noticiadas nesta Folha (o ano serve de referência por ser a data em que a soma dos PIBs dos países Bric ultrapassaria a das nações do G7). Segundo o estudo, o Brasil terá o quinto PIB do mundo (US$ 5,05 trilhões), ocupando porém a mesma posição atual (47ª) no ranking de PIB per capita.
São demasiadas as variáveis e suposições em jogo para alcançar resultados confiáveis. Se não serve como oráculo, esse tipo de extrapolação tem no entanto sua utilidade como diagnóstico para orientar as políticas do presente.
Governantes e os que mantêm vigilância sobre eles não podem deter-se no regozijo com a subida no ranking ou com a alta renda individual média projetada para o Brasil de 2032 , US$ 21 mil. O que interessa é que maioria das pessoas se aproxime dessa média para que ela não seja apenas uma fantasia aritmética. Devem-se considerar também as posições relativas dos países.
Nações como a China e a Rússia se saem melhor que o Brasil. Avançam, respectivamente, oito e cinco colocações na classificação de PIB per capita. Apesar do salto, a renda individual chinesa, dada a imensa população, ficaria ainda uma posição atrás da brasileira.
A diferença de velocidade se explica pelo aumento de produtividade, calcanhar de aquiles da economia nacional. Para crescer com a rapidez e a eficiência dos chineses, o Brasil precisaria aumentar a capacidade de investimento e melhorar seu capital humano.
O investimento em capital físico no Brasil, entretanto, está em 18% do PIB, contra 45% na China e 29% em Cingapura. No que toca ao capital humano (qualificação e nível educacional da população), fundamental para melhorar a produtividade, a péssima situação está mais que diagnosticada.
Nesse quadro, não é difícil prever o futuro. O desafio está em alterá-lo para melhor.


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