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Mudar o futuro
Exercícios de futurologia, em
economia, só fazem multiplicar de
modo exponencial as incertezas
inerentes às predições da "ciência
lúgubre". Se já é difícil prever com
exatidão o crescimento do PIB
neste ano, pouco se pode dizer de
seguro sobre as décadas por vir.
A ressalva se aplica bem às projeções do banco Goldman Sachs
para 2032 noticiadas nesta Folha
(o ano serve de referência por ser a
data em que a soma dos PIBs dos
países Bric ultrapassaria a das nações do G7). Segundo o estudo, o
Brasil terá o quinto PIB do mundo
(US$ 5,05 trilhões), ocupando porém a mesma posição atual (47ª)
no ranking de PIB per capita.
São demasiadas as variáveis e
suposições em jogo para alcançar
resultados confiáveis. Se não serve como oráculo, esse tipo de extrapolação tem no entanto sua utilidade como diagnóstico para
orientar as políticas do presente.
Governantes e os que mantêm
vigilância sobre eles não podem
deter-se no regozijo com a subida
no ranking ou com a alta renda individual média projetada para o
Brasil de 2032 , US$ 21 mil. O que
interessa é que maioria das pessoas se aproxime dessa média para que ela não seja apenas uma
fantasia aritmética. Devem-se
considerar também as posições relativas dos países.
Nações como a China e a Rússia
se saem melhor que o Brasil.
Avançam, respectivamente, oito e
cinco colocações na classificação
de PIB per capita. Apesar do salto,
a renda individual chinesa, dada a
imensa população, ficaria ainda
uma posição atrás da brasileira.
A diferença de velocidade se explica pelo aumento de produtividade, calcanhar de aquiles da economia nacional. Para crescer com
a rapidez e a eficiência dos chineses, o Brasil precisaria aumentar a
capacidade de investimento e melhorar seu capital humano.
O investimento em capital físico
no Brasil, entretanto, está em 18%
do PIB, contra 45% na China e
29% em Cingapura. No que toca
ao capital humano (qualificação e
nível educacional da população),
fundamental para melhorar a produtividade, a péssima situação está mais que diagnosticada.
Nesse quadro, não é difícil prever o futuro. O desafio está em alterá-lo para melhor.
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