São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Nome, sobrenome e apelido

GERALDO ALCKMIN

A questão central no Brasil, hoje, é o aumento do emprego e da renda. Não menos urgentes são o esforço de treinamento e reciclagem que melhorem a empregabilidade do brasileiro e o combate à miséria. Se o nome da mudança é emprego, o sobrenome é educação e o apelido é proteção social.
Não por acaso, essas são três das quatro principais vertentes do meu programa de governo para os próximos quatro anos: emprego, educação para o trabalho e ações para a inclusão social. Pretendo fazer o que estou chamando, na campanha, de governo empreendedor, governo educador e governo solidário.
Explico. Governo solidário porque considero indispensável a ampliação dos nossos programas estaduais de inclusão e as ações de políticas compensatórias que ajudem a combater a miséria, a fome e a exclusão.
Há projetos simples, mas absolutamente consagrados: o Bom Prato, restaurantes que cobram apenas R$ 1 pela refeição; o Bom Lanche, que serve sanduíche e suco a R$ 0,40 nas linhas de trem; o Renda Cidadã, que complementa a renda de famílias carentes com R$ 60 por mês, pagos por cartão magnético em nome da mulher. Ou as Frentes de Trabalho, nas quais paulistas desempregados trabalham quatro dias por semana -e no quinto dia fazem cursos de profissionalização e reciclagem.
Há muitos outros programas já em andamento. Mas o que vale, aqui, é a explicitação do compromisso: vamos ampliar as nossas ações de apoio aos paulistas que vivem na pobreza.
A segunda vertente é a do governo educador. Já é consenso, no Brasil e no mundo, que a educação é o principal instrumento de ascensão social e de empregabilidade. Num mundo que muda muito, e depressa, valem o conhecimento e a capacidade de refletir e enfrentar os problemas novos.


O próximo mandato vai somar todos os esforços para que a economia cresça, o trabalho apareça e a renda aumente


No Brasil de hoje, populações inteiras vêem aumentar sua dificuldade em conseguir trabalho, não só pela conjuntura econômica de crise, mas pela falta de treinamento, pela falta de conhecimento para exercer profissões novas, para executar tarefas inéditas usando tecnologias novíssimas. Em muitos setores há vagas, mas não há candidatos com as habilidades necessárias.
Nosso Estado mudou, também, seu perfil produtivo. Há duas décadas, as montadoras usavam quatro vezes mais operários para fazer um carro. Os maiores empregadores eram as indústrias. Hoje é o setor de serviços. As empresas querem especialistas em mecatrônica, logística, tecnologia da informação.
Quando me refiro a um governo educador, quero chamar a atenção para a ênfase nas ações que levem os paulistas a se preparar melhor para a vida. Com valores e com conhecimento. Vamos avançar no ensino fundamental, mas também no ensino médio e superior voltados para a empregabilidade. Educação para o trabalho é o nosso tema.
Nesse capítulo, pretendo ampliar muito o sistema Paula Souza de escolas técnicas e as Fatecs, faculdades de tecnologia públicas e gratuitas. Os dois sistemas estão em expansão. Mas vão crescer muito mais. Vão se tornar uma obsessão do governador. E com um ganho adicional: vamos fazer escolas técnicas e Fatecs voltadas para a vocação econômica de cada região, fortalecendo os "clusters" da produção paulista e dando oportunidade para que nossos jovens tenham trabalho nos lugares onde nasceram e cresceram.
A terceira vertente de atuação para os próximos quatro anos é a do governo empreendedor -no sentido de que toda a máquina estatal paulista deve se voltar para a prioridade de fazer crescer as oportunidades de trabalho e a renda.
Como todo mundo sabe, renda e emprego dependem quase exclusivamente de políticas públicas de competência federal. No entanto acredito que é nossa obrigação usar todo o poder de emulação e de organização do maior Estado da Federação para ajudar os empreendedores paulistas a aumentarem seu nível de atividade.
Vamos ajudar na exportação; vamos ajudar na formação de consórcios de produtores e exportadores, a partir de vocações regionais; vamos criar fundos de aval; vamos romper barreiras burocráticas, vamos reduzir impostos; enfim, vamos estimular, usando todas as ferramentas à disposição do governador de São Paulo, o crescimento da atividade econômica no nosso Estado.
Faremos isso de forma inteligente. Não praticando suicídio fiscal, nem criando condições predatórias de concorrência contra a nossa base instalada, como querem alguns que fazem bazófias a respeito de uma guerra fiscal impossível. O Estado de São Paulo vai escolher o que estimular. Vai abrir portas novas, como a do pólo aeronáutico que está sendo criado em Gavião Peixoto.
O que importa de novo, nesse caso, é o reconhecimento e o compromisso: o próximo mandato vai somar todos os esforços para que a economia cresça, o trabalho apareça e a renda aumente.
Finalmente, quero acrescentar um quarto item às três prioridades enunciadas: prestação de serviço de qualidade. Entendo que o governo de São Paulo tem de focar seus esforços para se tornar um excelente prestador de serviço dos seus clientes, de quem paga a conta, os contribuintes paulistas.
E aqui temos um paradigma: o nosso padrão de prestação de serviço será o padrão Poupatempo. Na saúde, na segurança, na educação, o que o serviço público estadual vai buscar é o padrão de qualidade, reconhecido e inconteste, do Poupatempo. E ele quer dizer: respeito, transparência e bom uso do dinheiro público. Essa é outra maneira de ler o título deste artigo.


Geraldo Alckmin Filho, 48, médico, é governador do Estado de São Paulo e candidato à reeleição pelo PSDB.



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