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Exemplo sueco
Suécia promete eliminar
tarifa sobre álcool do
Brasil até 2009; se EUA e
Europa fizerem o mesmo,
biocombustível decola
A POLÊMICA biocombustíveis "versus" alimentos ganhou destaque
nesta semana em relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Ainda que não vá ao extremo de
afirmar que álcool e biodiesel levarão fome aos países pobres, o
documento "Perspectiva Agrícola 2007/ 2016" aponta a demanda por essa alternativa ao petróleo como principal motor da manutenção dos preços de commodities agrícolas em patamar elevado na próxima década.
O relatório assinala que a alta
acarretará perda de renda para
países que são importadores líquidos dessas mercadorias -na
África, por exemplo. Por outro
lado, preços em elevação constituem um poderoso estímulo para expandir a produção e a produtividade, vale dizer, para investimentos. Isso cria uma oportunidade ímpar para os países
mais pobres, pois neles se concentram alguns requisitos básicos: terras agricultáveis, sol e
água (o que costuma lhes faltar é
capital e tecnologia).
Sob esse ângulo, nenhuma nação se compara ao Brasil. O documento projeta que a produção
de álcool combustível nacional
crescerá 145% até 2016, atingindo 44 bilhões de litros. Hoje são
17 bilhões de litros/ano (dos
quais 13 bilhões consumidos internamente), produzidos da cana-de-açúcar plantada em apenas 10% da área agrícola, como
afirmou o presidente Lula na
quarta-feira na Suécia, em périplo pró-biocombustíveis pela
Escandinávia.
Seria fútil negar, porém, que a
destinação de parcelas crescentes das safras de milho e soja para
produzir biocombustíveis ocasionará alguma inflação nos preços de alimentos e rações animais. Tampouco cabe desconsiderar que se avolumam questionamentos sobre o real benefício
ambiental da bioenergia. Computado todo o petróleo consumido no ciclo de produção, dos fertilizantes às máquinas, a contribuição dos biocombustíveis para
retardar a mudança climática
pode ser irrisória, como ocorre
com o álcool de milho nos EUA.
Em outras palavras, álcool e
biodiesel não são uma panacéia
socioambiental, mas representam oportunidades significativas. Para que cumpram ao menos parte das promessas, dependem de que deslanche o investimento nas tecnologias do cultivo
e da produção de combustíveis
"verdes". Um passo crucial seria
suspender as tarifas protecionistas com que os EUA e países europeus gravam biocombustíveis
(no caso do álcool brasileiro exportado à Europa, o ônus pode
alcançar 55%).
Por ora, só a Suécia deu o
exemplo, anunciando que eliminará até 2009 o gravame. Cedo
ou tarde, as tarifas cairão por
conta própria: com demanda e
preços sustentados, definha a
própria necessidade de proteger
produtores nacionais. Líderes
com visão se adiantariam à tendência baixando já tarifas para
que os biocombustíveis se transformem em verdadeiras commodities e incluam países em desenvolvimento num novo ciclo
de geração de riqueza.
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