São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Dinheiro de campanha

BRASÍLIA - O problema é antigo. Acaba uma eleição e os partidos apresentam as dívidas de campanha. Agora é o PT, com uma conta pendurada de R$ 24 milhões por causa das despesas contraídas para eleger Dilma Rousseff presidente.
O PT não inventou esse modelo. Apenas se serve do sistema que no passado criticou. Outros partidos já fizeram o mesmo. O roteiro é conhecido. Empresários estão sendo abordados para contribuir com a agremiação à qual está filiada a próxima presidente do país.
A legislação contém vários despautérios. Um deles é permitir aos partidos prestarem contas apenas de maneira parcial dos seus gastos e receitas durante a campanha. Em democracias mais sofisticadas, como a dos Estados Unidos, os candidatos a presidente devem informar de maneira completa toda a sua contabilidade a cada 15 dias durante o processo eleitoral.
Há também no Brasil uma covardia atávica dos empresários. O costume é sempre dar dinheiro aos dois candidatos posicionados à frente nas pesquisas. Vigora uma espécie de complacência com a lógica segundo a qual haverá retaliação contra empresas que não tiverem doado ao político vencedor.
Como há um prazo depois de terminada a campanha para que o candidato vitorioso arrecade dinheiro, as coisas se complicam ainda mais. Qual empresário terá coragem de recusar uma doação para um político já eleito?
Uma das saídas possíveis é alargar o horizonte dos pequenos doadores, via internet. Em 2008, Barack Obama recebeu cerca de metade dos seus recursos por esse meio. Mas é necessário ter coragem de aparecer na TV pedindo dinheiro diretamente aos eleitores. Dilma e José Serra não se interessaram.
A única solução proposta pelos políticos é o tal financiamento de campanha 100% público. Muito cômodo. Eles se distanciariam ainda mais dos eleitores. E não prestariam contas a mais ninguém.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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