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FERNANDO RODRIGUES
Dinheiro de campanha
BRASÍLIA - O problema é antigo.
Acaba uma eleição e os partidos
apresentam as dívidas de campanha. Agora é o PT, com uma conta
pendurada de R$ 24 milhões por
causa das despesas contraídas para
eleger Dilma Rousseff presidente.
O PT não inventou esse modelo.
Apenas se serve do sistema que no
passado criticou. Outros partidos já
fizeram o mesmo. O roteiro é conhecido. Empresários estão sendo
abordados para contribuir com a
agremiação à qual está filiada a
próxima presidente do país.
A legislação contém vários despautérios. Um deles é permitir aos
partidos prestarem contas apenas
de maneira parcial dos seus gastos
e receitas durante a campanha. Em
democracias mais sofisticadas, como a dos Estados Unidos, os candidatos a presidente devem informar
de maneira completa toda a sua
contabilidade a cada 15 dias durante o processo eleitoral.
Há também no Brasil uma covardia atávica dos empresários. O costume é sempre dar dinheiro aos
dois candidatos posicionados à
frente nas pesquisas. Vigora uma
espécie de complacência com a lógica segundo a qual haverá retaliação contra empresas que não tiverem doado ao político vencedor.
Como há um prazo depois de terminada a campanha para que o
candidato vitorioso arrecade dinheiro, as coisas se complicam ainda mais. Qual empresário terá coragem de recusar uma doação para
um político já eleito?
Uma das saídas possíveis é alargar o horizonte dos pequenos doadores, via internet. Em 2008, Barack Obama recebeu cerca de metade dos seus recursos por esse meio.
Mas é necessário ter coragem de
aparecer na TV pedindo dinheiro
diretamente aos eleitores. Dilma e
José Serra não se interessaram.
A única solução proposta pelos
políticos é o tal financiamento de
campanha 100% público. Muito cômodo. Eles se distanciariam ainda
mais dos eleitores. E não prestariam contas a mais ninguém.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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