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LUIZ FERNANDO VIANNA
Leide, Renato e Dilma
RIO DE JANEIRO - Leide Moreira,
62, perdeu os movimentos por conta de uma doença degenerativa e
precisa de ajuda alheia ou de aparelhos para se comunicar, respirar e
até piscar.
Tantos obstáculos não a impediram de ir ao show de Ney Matogrosso no último domingo, no Sesc Pinheiros, e se emocionar, como relatou Laura Capriglione em belo texto
publicado ontem na Folha.
Renato de Souza Ferreira morreu
na quinta-feira passada, aos 26
anos, em Recife. Antes, porém, sabendo-se sem chances contra um
câncer renal, tratou de casar com a
mulher amada, segundo reportagem de Letícia Lins publicada domingo no "Globo".
A festa inaugurou a "caixa de desejos" do Imip (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira), que vem desenvolvendo
um trabalho de cuidados paliativos, ala fundamental voltada para
dar alento em vez de agonia aos
doentes terminais.
As histórias de Leide e Renato
-que, numa leitura superficial, poderiam ser sobre morte- imprimiram vida às páginas de jornal num
momento em que se gastam boas
doses de tinta em especulações sobre o ministério de Dilma Rousseff.
Ela tem dado sinais de que não
está com pressa de anunciar nomes, mas, por necessidade (informar algo ao leitor sobre um tema relevante) ou inércia, continuamos
fazendo girar o rondó de fofocas
que se autoalimenta: políticos
usam a imprensa para divulgar
suas vontades, e pelos jornais
ficam sabendo das vontades dos
rivais.
O silêncio de Leide na plateia de
Ney e a decisão de Renato de casar
são mais expressivos e saudáveis
do que as caixas de desejos do
PMDB e de seus similares.
"O hoje pode não ser o amanhã, e
o amanhã pode ser tarde demais",
ensinou Renato a quem tem calma
para ouvir.
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