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É O FMI QUE DIZ
Em nota divulgada em Washington, o Fundo Monetário
Internacional, que está firmando novo acordo com o Brasil, dirigiu elogios à política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva, mas deixou claro que alguns problemas cruciais ainda não foram superados.
Causando certo desconforto, o FMI
repetiu o que inúmeros analistas, inclusive esta Folha, têm dito: a economia brasileira continua demonstrando fragilidade externa e medidas a
respeito precisam ser tomadas. Entre
elas, a nota cita a importância de recompor as reservas de divisas do
Banco Central, que hoje, sem os recursos emprestados pelo próprio
FMI, são de US$ 17 bilhões.
Essa é "uma avaliação do Fundo",
reagiu o secretário-executivo da Fazenda, Bernard Appy, sugerindo que
a análise não é de todo compartilhada pela área econômica. De fato, ao
menos para consumo externo, o governo tem procurado enfatizar o recuo da cotação do dólar e do risco-país, dando a impressão de que a
chamada vulnerabilidade externa está sob controle e que há uma onda
mundial de confiança no Brasil.
Embora os fortes ajustes realizados
para conter a deterioração do quadro
econômico tenham alcançado resultados, está claro que o que há é uma
conjuntura externa favorável, com
queda da aversão ao risco, maior liquidez internacional e baixas taxas
de juros nas principais economias. E
isso favorece o fluxo de capitais para
o Brasil em busca de ganhos financeiros. O que o FMI diz com todas as
letras é que esse quadro, como já foi
demonstrado à exaustão, pode ser
rapidamente alterado, e que a economia "continua vulnerável a mudanças no sentimento dos mercados".
É certo que os problemas surgidos
nos últimos anos, com a brutal elevação do endividamento e da dependência de capitais externos, não poderão ser sanados num passe de mágica. O que causa preocupação, no
entanto, é que os sinais emitidos pela
área econômica são muito semelhantes aos da gestão anterior, cujas
tentativas de promover o crescimento se viram abortadas por sucessivas
crises externas. No início de sua gestão, o ministro Palocci afirmou que
não cometeria "erros velhos", iguais
aos que seus predecessores vinham
cometendo. Hoje, já não há tanta certeza de que ele os esteja evitando.
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