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RESULTADO DO PROVÃO
Foi uma boa providência a do
Ministério da Educação (MEC)
de divulgar o provão de 2003 com
duas notas, uma absoluta (o desempenho de cada área numa escala de 0
a 100) e outra relativa (a posição de
cada curso em relação a seus concorrentes). Embora a nova metodologia
possa criar confusão, ela tem o mérito de reconhecer que a avaliação é
um processo complexo, menos claro
do que gostaríamos.
Até aqui, o MEC divulgava apenas a
posição relativa. Para um curso ficar
com conceito A, não era necessário
que seus alunos se saíssem bem na
prova, isto é, que resolvessem mais
do que 80% das questões. Bastava
que suas notas médias se situassem
no topo do conjunto de formandos.
Por exemplo, para ficar com A no
provão de 2002, um curso de engenharia mecânica precisou atingir
uma nota absoluta de 21,5. Em 2003,
essa nota saltou para 43,2. A conclusão, inescapável, é que a prova de
2002 foi mais difícil que a deste ano.
Como bem observa o MEC, tanto o
conceito relativo quanto o absoluto
são incapazes de isoladamente passar um retrato confiável do curso que
pretendem avaliar. Estar entre os primeiros (o A da nota relativa) é um indicador importante, mas não significa que os alunos tenham recebido
uma boa formação, pois, em tese, é
possível ficar com o conceito máximo na escala relativa mesmo tirando
notas baixas.
Também o conceito absoluto, tomado sozinho, não significa muita
coisa. Como as provas não são elaboradas com vistas a medir uma suposta formação mínima (noção que
daria margem a polêmicas intermináveis) e não têm a preocupação de
manter o mesmo grau de dificuldade
de um ano para o outro, pode-se esperar grandes variações que não significarão que os alunos melhoraram
ou pioraram substancialmente.
É assim que se devem ler os resultados de 2003. O fato de 70,1% dos cursos não terem apresentado médias
superiores a 40 não quer dizer que a
população deve desconfiar da maioria dos profissionais que se formaram neste ano. É mais razoável supor
que as provas propostas a vários cursos foram mais difíceis.
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