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EXPURGO PETISTA
A previsível expulsão de quatro parlamentares ditos "radicais" do Partido dos Trabalhadores,
que se consumou no domingo, não
foi apenas uma demonstração de zelo pela disciplina partidária, mas
também um ritual de consagração
das mudanças doutrinárias por que
vem passando a agremiação.
O rol de atos de indisciplina cometidos pelos punidos justifica a medida extrema. Não é possível um partido minimamente organizado aceitar
em suas fileiras membros que votam
sistematicamente contra suas determinações e lideram atos públicos e
vaias contra seus dirigentes.
Não se trata, porém, de uma mera
quebra de regras estatutárias. A rebeldia dos expulsos estava diretamente relacionada à mudança de linha do PT em sua passagem da oposição à situação. Embora fosse claro
há tempos que posições mais centristas ganhavam hegemonia no partido, o que se assistiu após a posse,
em determinadas matérias, foi uma
guinada verdadeiramente radical.
Nesse contexto, as "infrações" cometidas pelo grupo, no qual destaca-se a senadora Heloísa Helena, têm
evidente caráter político e ideológico.
Como já foi dito, não foram os radicais que mudaram, mas o PT. E o fez
sem que se instalasse um processo
decisório precedido de debate interno mais amplo e representativo. É isso o que há de mais lamentável no
traumático episódio.
Obviamente são questões que dizem respeito ao PT e a seu funcionamento interno. É preciso lembrar,
contudo, a dimensão pública do partido e o papel que desempenhou ao
longo da história, quando teve a
oportunidade de se tornar um saudável parâmetro de coerência doutrinária em convivência com o debate democrático. É uma referência que parece, agora, perdida.
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