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São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

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EXPURGO PETISTA

A previsível expulsão de quatro parlamentares ditos "radicais" do Partido dos Trabalhadores, que se consumou no domingo, não foi apenas uma demonstração de zelo pela disciplina partidária, mas também um ritual de consagração das mudanças doutrinárias por que vem passando a agremiação.
O rol de atos de indisciplina cometidos pelos punidos justifica a medida extrema. Não é possível um partido minimamente organizado aceitar em suas fileiras membros que votam sistematicamente contra suas determinações e lideram atos públicos e vaias contra seus dirigentes.
Não se trata, porém, de uma mera quebra de regras estatutárias. A rebeldia dos expulsos estava diretamente relacionada à mudança de linha do PT em sua passagem da oposição à situação. Embora fosse claro há tempos que posições mais centristas ganhavam hegemonia no partido, o que se assistiu após a posse, em determinadas matérias, foi uma guinada verdadeiramente radical.
Nesse contexto, as "infrações" cometidas pelo grupo, no qual destaca-se a senadora Heloísa Helena, têm evidente caráter político e ideológico. Como já foi dito, não foram os radicais que mudaram, mas o PT. E o fez sem que se instalasse um processo decisório precedido de debate interno mais amplo e representativo. É isso o que há de mais lamentável no traumático episódio.
Obviamente são questões que dizem respeito ao PT e a seu funcionamento interno. É preciso lembrar, contudo, a dimensão pública do partido e o papel que desempenhou ao longo da história, quando teve a oportunidade de se tornar um saudável parâmetro de coerência doutrinária em convivência com o debate democrático. É uma referência que parece, agora, perdida.


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