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Editoriais
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Exame médico
REFORÇAM-SE as evidências
da baixa qualidade de ensino em cursos de medicina
do país. Esse retrato vem sendo
confirmado anualmente desde
2005, quando o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do
Estado de São Paulo) decidiu implementar uma prova de avaliação, facultativa, dos conhecimentos dos futuros médicos.
Neste ano, 56% dos formandos
que prestaram o exame foram
reprovados. O número já é expressivo, mas é razoável supor
que a proporção de estudantes
despreparados seja maior. A prova não é obrigatória, e os responsáveis por sua execução avaliam
que muitos dos maus alunos boicotam o exame, frequentemente
estimulados por suas faculdades.
A prova da Ordem dos Advogados do Brasil pode fornecer um
parâmetro, ainda que imperfeito. Na primeira fase do exame da
OAB neste ano, o índice de reprovados na seccional paulista
chegou a 88%.
A vantagem do teste entre os
advogados está em sua obrigatoriedade. Trata-se de uma prova
de habilitação, ou seja, a aprovação é indispensável para o exercício da profissão. É do interesse
da sociedade, da saúde pública e
de seus futuros pacientes que os
alunos de medicina também sejam submetidos a uma prova de
habilitação obrigatória.
O Cremesp, que defende o exame compulsório, diz no entanto
que a aplicação de testes teóricos, aos moldes do que faz a OAB,
seria insuficiente. Devido ao caráter prático da atividade médica, seria imprescindível, afirma a
entidade, a realização de provas
que averiguem essa capacidade
entre os recém-formados.
Se implementado nesses moldes, um exame obrigatório nacional cumpriria dupla função:
impediria o acesso à profissão de
recém-formados despreparados
e, ao longo do tempo, estimularia
uma melhora gradual dos cursos
universitários de medicina.
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