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PAINEL DO LEITOR
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Longo prazo
"Após meses à frente da caríssima Secretaria de Planejamento de
Longo Prazo, o ministro Roberto
Mangabeira Unger propõe que as
águas da Amazônia sejam levadas
até o Nordeste.
E eu proponho que o ministro seja levado de volta para a Universidade Harvard."
CARLOS GASPAR (São Paulo, SP)
Confecções
"O caro colega Chang Up Jung
("Roupa nem tão suja assim", "Tendências/Debates", 17/1) afirmou
que muitos imigrantes trabalharam
como trabalham hoje muitos bolivianos nas confecções da capital
paulista -mais de 15 horas por dia
e, mormente, sem descanso semanal remunerado- e que isso é motivo de orgulho e exemplo para seus
descendentes, e não de "lamúria".
Concordo com as afirmações do
colega, entretanto, sendo neto de
um português que dormia duas horas entre o intervalo de um trabalho
e outro, pergunto: será que esses
imigrantes desejam para seus filhos
e netos a vida que levaram?
Lugares adequados, salários dignos e respeito a horários de trabalho e de descanso não são caprichos,
são direitos dos trabalhadores."
JEAN COLMEAL, advogado (Mogi das Cruzes, SP)
Peru
"A nota "Lima pede área hoje chilena à corte de Haia" (Mundo, pág.
A13, 17/1) contém uma afirmação
que não é correta.
Diz a nota que o Peru julga que os
tratados o prejudicam, porque sua
economia depende da pesca, e quer
renegociá-los. O erro foi cometido,
certamente, por falta de informação da pessoa que redigiu a nota,
pois a realidade é que o Peru sustenta que não há tratados de limites
marítimos com o Chile e, dado que
não existem esses tratados, não se
pode querer renegociá-los.
Além disso, a nossa economia
não depende somente da pesca,
ainda que sejamos um dos países
pesqueiros mais importantes do
mundo."
HUGO DE ZELA, embaixador do Peru (Brasília, DF)
Ciência
"O estudo do Instituto Lobo sobre a produtividade das instituições
-a partir do número de trabalhos
publicados em periódicos indexados no ISI- comete equívocos primários. Alguns foram apontados na
reportagem "ITA lidera em produtividade científica", Ciência, 14/1).
A comparação da produtividade
de universidades (com características de atividades multifacetadas,
sejam associadas a dezenas de
áreas de pesquisas, sejam associadas às diferentes atividades-fins:
ensino, pesquisa e extensão) com a
de institutos e faculdades isoladas
não é adequada e prejudica as grandes instituições.
Já a comparação da produtividade de universidades públicas -onde o percentual de docentes em dedicação exclusiva é elevado- com
instituições privadas -onde este
percentual é bastante reduzido-
não contribui para a correta percepção da grande diferença entre a
produtividade gerada pelas universidades públicas e a produzida pelas instituições privadas."
DANIEL PEREIRA, pró-reitor de Pesquisa da
Unicamp (São Paulo, SP)
Globalização
"Paulo Rabello de Castro ("Bola
da vez?", Dinheiro, 16/1) tocou no
ponto nevrálgico de nossa desordem institucional.
Nas grandes empresas, o planejamento estratégico é vital para o seu
desenvolvimento. Mas o Estado
brasileiro, responsável pelo futuro
da nação, atua sem previsões, sem
objetivos e sem planos.
Não me canso de advertir que,
sem a criação de um órgão estatal
de planejamento, independente do
Poder Executivo e composto de representantes dos setores-chave da
sociedade civil, o Brasil será fatalmente esmagado no processo de
globalização."
FÁBIO KONDER COMPARATO, professor aposentado da USP (São Paulo, SP)
EUA
"O mundo civilizado e apreciador
da paz com justiça torce para que o
próximo presidente dos EUA seja
um dos dois mais fortes candidatos
concorrentes do Partido Democrata. Trata-se dos senadores Barack
Obama e Hillary Clinton.
Se Deus quiser, um deles deverá
ser eleito no próximo pleito e, com
isso, a política beligerante e parcial
exercida por Bush e por seu Partido
Republicano acabará.
Possivelmente, a partir dessa
"torcida", com a vitória de Obama ou
de Hillary, o mundo poderá respirar
um pouco melhor, literalmente falando.
Chega de gente que semeia guerras e ódio entre os povos, principalmente os povos do Oriente Médio,
no comando da maior potência do
planeta."
FERNANDO AL-EGYPTO (Rio de Janeiro, RJ)
Lobão
"Com a nomeação do senador
Edison Lobão, do PMDB, para o Ministério de Minas e Energia, só me
resta concluir que o governo do PT
chegou ao fim -com três anos de
antecedência, tal qual aconteceu
com o PSDB.
No momento em que uma nova
crise energética bate à nossa porta,
a nomeação feita pelo presidente da
República só prova que o notório
saber e a reputação ilibada, obrigatórios no Poder Judiciário, não devem ser considerados para a escolha de ministros do Executivo.
No recente episódio da CPMF, os
fiéis da balança que determinaram
o fim da cobrança foram os senadores do PMDB -e pior, representantes dos Estados mais pobres da nação, demonstrando total incoerência com o cargo para o qual foram
eleitos. E ainda assim o partido é
premiado.
Isso só demonstra o quanto o senhor Lula se tornou refém de partidos, inclusive do próprio PT, cujos
ideais não passam da ocupação de
cargos.
Agora, para desequilibrar mais
ainda suas forças no Senado, a Casa
acaba de ganhar um novo senador
dos Democratas.
Os políticos no Brasil se merecem. Pena que as conseqüências recaiam sobre o povo."
GILMAR RAFAEL DA SILVA (Belo Horizonte, MG)
Saúde e futebol
"É inaceitável que empresas que
comercializam planos de saúde comumente dêem motivos para críticas. Agora é perceptível mais um.
Para efetuar propaganda, estão
despendendo dinheiro, e não deve
ser pouco, em equipes esportivas
profissionais.
Tal sistema assistencial é inventor de bom número de dificuldades:
alto custo, carências, restrições a
atendimentos, pagamento desprimoroso a médicos, controle insatisfatório do período de internação
hospitalar, execução de provas subsidiárias em laboratórios de má categoria, controle policial das providências pedidas e redução imprópria da possibilidade de execução
de exames por imagem.
Esses são só alguns exemplos de
inadequações.
Evidentemente, a mais justa e
coerente promoção precisa ter nexo com os serviços prometidos, que
somente podem contar com boa
qualidade. Destinar verbas da maneira citada corresponde a comportamento absurdo.
Aos órgãos que têm a obrigação
de defender os consumidores (entre eles a Agência Nacional de Saúde Suplementar) cabe coibir rigorosamente isso."
VICENTE AMATO NETO, professor emérito da
Faculdade de Medicina da USP (São Paulo, SP)
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