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INFLAÇÃO E JUROS
A reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central
(Copom), que acontece hoje, para
determinar a taxa básica de juros, ganhou especial importância depois
que a autoridade monetária optou,
em janeiro, por interromper a trajetória de queda da Selic. Embora a
maioria dos analistas aposte que o
Copom manterá os juros em 16,5%,
ainda temendo a inflação, há expectativas no setor produtivo de que o
fraco desempenho da economia pese a favor de uma decisão de corte.
Parece haver uma certa perturbação
nesse jogo de expectativas, não apenas pelo comportamento pregresso
do BC, que surpreendeu o mercado
no mês passado (e poderá voltar a fazê-lo), mas pelo entendimento de
qual seria a sua verdadeira função.
Enquanto representantes da chamada economia real e uma expressiva corrente de economistas e da opinião pública pedem redução dos juros como um estímulo ao crescimento da economia, o BC insiste que
sua tarefa principal é cumprir a meta
de inflação -de 5,5% em 2004.
O diálogo é truncado: um quer medidas para incentivar a produção e o
outro responde com temores sobre a
inflação. As perguntas, então, passam a ser outras. Está certo e é sustentável que o BC cuide somente de
metas inflacionárias? E a meta atual,
é compatível com um ritmo mais firme de redução dos juros e de retomada da atividade econômica?
No primeiro caso, é certo que o BC
precisa zelar pelo valor da moeda,
mas não há dúvida também de que
deveria ser mais sensível aos demais
movimentos da economia, um pouco à maneira de seu correspondente
norte-americano, o Fed.
Sobre a segunda questão, há sinais
de que a meta de inflação, sem considerar a margem de tolerância, poderá se mostrar mais rigorosa do que o
esperado, já que houve aumentos de
custos (causados por impostos e matérias-primas) que não estavam em
pauta quando ela foi fixada. O risco é
que o BC sacrifique o crescimento
econômico com o intuito de tentar
impedir variações, ainda que mínimas, da inflação em relação à meta.
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