São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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INFLAÇÃO E JUROS

A reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que acontece hoje, para determinar a taxa básica de juros, ganhou especial importância depois que a autoridade monetária optou, em janeiro, por interromper a trajetória de queda da Selic. Embora a maioria dos analistas aposte que o Copom manterá os juros em 16,5%, ainda temendo a inflação, há expectativas no setor produtivo de que o fraco desempenho da economia pese a favor de uma decisão de corte.
Parece haver uma certa perturbação nesse jogo de expectativas, não apenas pelo comportamento pregresso do BC, que surpreendeu o mercado no mês passado (e poderá voltar a fazê-lo), mas pelo entendimento de qual seria a sua verdadeira função.
Enquanto representantes da chamada economia real e uma expressiva corrente de economistas e da opinião pública pedem redução dos juros como um estímulo ao crescimento da economia, o BC insiste que sua tarefa principal é cumprir a meta de inflação -de 5,5% em 2004.
O diálogo é truncado: um quer medidas para incentivar a produção e o outro responde com temores sobre a inflação. As perguntas, então, passam a ser outras. Está certo e é sustentável que o BC cuide somente de metas inflacionárias? E a meta atual, é compatível com um ritmo mais firme de redução dos juros e de retomada da atividade econômica?
No primeiro caso, é certo que o BC precisa zelar pelo valor da moeda, mas não há dúvida também de que deveria ser mais sensível aos demais movimentos da economia, um pouco à maneira de seu correspondente norte-americano, o Fed.
Sobre a segunda questão, há sinais de que a meta de inflação, sem considerar a margem de tolerância, poderá se mostrar mais rigorosa do que o esperado, já que houve aumentos de custos (causados por impostos e matérias-primas) que não estavam em pauta quando ela foi fixada. O risco é que o BC sacrifique o crescimento econômico com o intuito de tentar impedir variações, ainda que mínimas, da inflação em relação à meta.


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