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RESULTADO MEDÍOCRE
O IBGE divulgou ontem os
dados finais de 2003 relativos
ao emprego e aos salários da indústria. Mesmo tendo encerrado o ano
com uma pequena alta na produção
-de 0,3% em relação a 2002- o setor industrial cortou 0,5% dos postos
de trabalho e a renda média dos trabalhadores caiu 3,8%.
Segundo a pesquisa, a trajetória do
emprego mostrou-se descendente
em 2003, depois de um primeiro semestre estável em relação ao mesmo
período de 2002. Das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE, em nove houve
mais demissões do que contratações
no ano passado. Já a queda da renda
média ocorreu em 11 das 14 áreas
pesquisadas. O total da folha de pagamento real da indústria fechou
2003 com retração de 4,3% e o número de horas pagas caiu 0,8%.
A pesquisa apenas dá números a
um cenário que já se sabia sombrio.
O ano passado foi um período de
forte retração, no qual a política econômica privilegiou, com viés bastante conservador, o combate à crise de
confiança que cercou o país por ocasião da campanha eleitoral e da vitória da candidatura petista.
O mais dramático é que nada estimula expectativas otimistas quanto a
uma melhoria do mercado de trabalho ao longo deste 2004. Mesmo que
a economia venha a crescer os 3,5%,
como muitos analistas esperam, o
mais provável é que tanto o nível de
desemprego quanto o poder aquisitivo da população avancem de forma
ainda muito tímida.
Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", o diretor-técnico do Dieese
estima que uma alteração mais substancial do atual cenário exigiria crescimento econômico na casa de 5% a
6% -o que parece definitivamente
descartado para este ano.
Criar empregos foi a "obsessão"
prometida pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de um primeiro ano com resultados medíocres, as perspectivas, no segundo,
não se têm mostrado animadoras.
Até aqui, a agenda do desenvolvimento permanece na retórica.
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