São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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RESULTADO MEDÍOCRE

O IBGE divulgou ontem os dados finais de 2003 relativos ao emprego e aos salários da indústria. Mesmo tendo encerrado o ano com uma pequena alta na produção -de 0,3% em relação a 2002- o setor industrial cortou 0,5% dos postos de trabalho e a renda média dos trabalhadores caiu 3,8%.
Segundo a pesquisa, a trajetória do emprego mostrou-se descendente em 2003, depois de um primeiro semestre estável em relação ao mesmo período de 2002. Das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE, em nove houve mais demissões do que contratações no ano passado. Já a queda da renda média ocorreu em 11 das 14 áreas pesquisadas. O total da folha de pagamento real da indústria fechou 2003 com retração de 4,3% e o número de horas pagas caiu 0,8%.
A pesquisa apenas dá números a um cenário que já se sabia sombrio. O ano passado foi um período de forte retração, no qual a política econômica privilegiou, com viés bastante conservador, o combate à crise de confiança que cercou o país por ocasião da campanha eleitoral e da vitória da candidatura petista.
O mais dramático é que nada estimula expectativas otimistas quanto a uma melhoria do mercado de trabalho ao longo deste 2004. Mesmo que a economia venha a crescer os 3,5%, como muitos analistas esperam, o mais provável é que tanto o nível de desemprego quanto o poder aquisitivo da população avancem de forma ainda muito tímida.
Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", o diretor-técnico do Dieese estima que uma alteração mais substancial do atual cenário exigiria crescimento econômico na casa de 5% a 6% -o que parece definitivamente descartado para este ano.
Criar empregos foi a "obsessão" prometida pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de um primeiro ano com resultados medíocres, as perspectivas, no segundo, não se têm mostrado animadoras. Até aqui, a agenda do desenvolvimento permanece na retórica.


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