São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Sombra no Planalto
"É falsa a afirmação publicada na seção "Multimídia" de ontem (Brasil, pág. A6) segundo a qual o jornal "The New York Times" lembra as "ligações do ministro das Cidades, Olívio Dutra, com o jogo do bicho quando era governador do Rio Grande do Sul". Diferentemente disso, o "NYT" limita-se a lembrar o "inquérito parlamentar" em que um "ex-funcionário do Partido dos Trabalhadores testemunhou que banqueiros de bicho locais doaram US$ 500 mil para a compra da nova sede do partido" e que o ponto-chave da investigação foi a apresentação de um grampo telefônico em que um "suposto tesoureiro do partido pedia à chefia de polícia para que aliviasse as investidas contra os banqueiros de bicho"."
Robson Barenho, assessor de Comunicação Social do Ministério das Cidades (Brasília, DF)

Nota da Redação - O "NYT" cita as investigações do suposto esquema do jogo do bicho no Rio Grande do Sul. O jornal menciona as acusações contra membros do governo estadual e lembra que o então governador do RS e outros três integrantes daquela gestão hoje estão no governo federal. A Folha apenas elucidou ao leitor que o governador era Olívio Dutra.

 

"Não é esse o PT no qual me engajei muito cedo. Maracutaias que necessitam de negociatas políticas para evitar CPI? É demais! Aliás, este Congresso deveria trabalhar por aquilo para que foi eleito e deixar a Polícia Federal fazer o seu papel. Aí não haverá conchavo para evitar uma investigação. Definitivamente, estamos vivendo a "Revolução dos Bichos", de Orwell."
João Ricardo Roman (Curitiba, PR)

 

"Neste nosso último escândalo político, relativo ao homem da mala, mais uma vez é possível ver os parlamentares petistas adotarem posições absolutamente contrárias àquelas construídas ao longo da história do partido, posições essas que foram definitivas na arregimentação de seu formidável eleitorado. Considerando que essas decisões devam doer na alma dos petistas (admitindo, é claro, que tais atitudes já não estivessem planejadas antes mesmo de sua vitória nas eleições), pergunto se não seria o caso de o PT devolver o controle do governo aos tucanos e assumir sua posição natural, que é a de oposição. Assim se evitaria essa desgastante e corriqueira repetição de fatos -que já nem escandalizam mais-, com os petistas passando a adotar posicionamentos que antes tanto criticavam. Afinal, não se tem conhecimento de nenhuma medida adotada pelo PT na oposição que traísse o acordo feito com seus eleitores."
Ronaldo L. N. Pinheiro (Curitiba, PR)

Campanhas
"Roberto Mangabeira Unger tocou num ponto fundamental do caso Waldomiro Diniz ("O chamamento", Opinião, pág. A2, 17/2): o financiamento público de campanhas deve ser instituído, mas com a uniformização dos critérios de uso dos recursos pelos partidos. Candidatos devem falar diante de um fundo branco, o detalhamento de suas propostas deve estar disponível na internet e os debates devem ser ao vivo e com regras claras. Santinhos e cartazes deveriam ser proibidos (a limpeza pública também agradeceria), assim como deveria ser instituído o voto distrital a fim de reduzir o impacto do poder econômico. Que este escândalo sirva para alguma coisa, afinal."
Fernão de Souza Vale (Rio de Janeiro, RJ)

Terceirização
"É um absurdo a iniciativa governamental de comprar vagas no ensino superior privado. Como o poder público vai despejar dinheiro em faculdades que tiram as notas mais baixas no provão? Não seria melhor recuperar o patrimônio das universidades públicas? O governo do PT, ao "terceirizar" suas funções no campo educacional, comete um crime de lesa-pátria só para atender aos ditames dos organismos multilaterais, que, há muito, lutam pelo desmonte do sistema nacional de produção de ciência e tecnologia."
Marcos Marques de Oliveira (Niterói, RJ)

Sem encanto
"Em "Encanto quebrado" (Opinião, pág. A2, 14/2) Fernando Rodrigues quebrou o encanto que um dia teve para mim como jornalista do bom combate da alta imprensa. Os adjetivos e hipóteses que lança sobre o ministro José Dirceu são infamantes, de baixo português e sem nenhuma ética. Por sua história, a Folha não merece cair no jornalismo marrom."
Consuelo de Castro, dramaturga (São Paulo, SP)

Véu islâmico
"Tem toda a razão a França em proibir véus islâmicos nas escolas. A opinião de que cada um tem o direito de escolha esbarra na obrigatoriedade nos países muçulmanos de que as mulheres usem aquele camisolão horroroso por cima das vestes. Elas podem escolher não usá-lo?"
Henri Funke (São Paulo, SP)

Nestlé
"Fui surpreendida pela declaração atribuída ao prefeito Adilson Natali, de Caçapava (SP), em que desdenha a importância da Nestlé para o nosso município, o que difere redondamente de seu pensamento. Onde está a declaração que demos? A questão do imposto era apenas complementar, para informação da reportagem, como deixamos claro. Ressaltamos a importância da Nestlé pelos milhões de reais que injeta em nossa economia por meio dos salários, o que a torna uma locomotiva de nosso comércio. Lamentamos que esse nosso primeiro contato tenha gerado tamanha distorção."
Nídia Martins, assessora de imprensa da Prefeitura de Caçapava (Caçapava, SP)

Universidade
"O professor Luiz Carlos Bresser Pereira ("A miséria das universidades", "Tendências/Debates", 9/2) põe-se agora a dizer como deve ser a universidade pública brasileira, que, aliás, dele guarda uma triste lembrança. Por que ele não implementou essas mesmas idéias que agora prega devido à sua vasta experiência docente e política quando foi titular do Ministério da Fazenda (governo Sarney), do Ministério da Ciência e Tecnologia e do então todo-poderoso Ministério da Administração e Reforma do Estado (governo FHC)? Porque, na época, em vez de soprar sobre a universidade pública brasileira esses novos ares de que agora fala, tirou-lhe mais ainda o oxigênio, negando o mínimo de crescimento que essa instituição viva buscava (e continua buscando) insistentemente para responder às demandas do país que a ela cabem. O cavalo passou-lhe manso e encilhado e não foi montado."
Golias Silva, professor do Departamento de Apoio à Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina (Florianópolis, SC)

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