São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2007

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CLÓVIS ROSSI

A desolação

SÃO PAULO - O deputado Fernando Gabeira listou ontem "três dimensões" para enfrentar a questão da violência/criminalidade. Escreveu Gabeira: "A primeira delas é a preventiva. Mudar a qualidade da polícia ajuda. A segunda delas é de ordem penal: apressar e aumentar o rigor. A terceira é intervir no sistema penitenciário, melhorando sua qualidade".
Todas elas dependem de ação do poder público em um ou mais de seus braços. Logo, para avançar, será preciso refazer o Estado brasileiro, em acentuado processo de desmanche há muito tempo.
No governo Lula, o desmanche se completou. Não necessariamente porque é pior ou mais corrupto ou mais ineficaz que qualquer outro -o que é sempre avaliação subjetiva. Completou-se porque saiu de cena o grilo falante que era o PT, sempre vigiando o poder público, quando ocupado por outros, para imediatamente denunciar irregularidades (nem sempre com razão, mas aí já é outra discussão).
Dou um exemplo de que sou testemunha viva: quando na oposição, o hoje presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, me telefonou várias vezes ou para apontar problemas na administração pública ou para pedir mais detalhes sobre denúncias publicadas pela Folha para dar seqüência a elas no âmbito político/parlamentar.
Adivinha quantas vezes Chinaglia ou qualquer outro petista telefonou com denúncias sobre o governo federal desde a posse de Lula, em 2003? Acertou: zero vezes zero mais zero.
Como a oposição não está equipada ou não pode ou não quer fazer o papel que o PT fazia, tem-se "um espetáculo desolador diante da imensidão das tarefas", para voltar a Gabeira.
PS - Alguém está enviado e-mails em meu nome, usando endereços do "hotmail". Esclareço que meu único endereço válido é o que consta logo abaixo.

crossi@uol.com.br


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