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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
O triste quadro da educação
AS AUTORIDADES se gabam
de que, hoje em dia, todas as
crianças estão na escola. Isso é importante, sem dúvida, mas,
para a economia e a cidadania, entrar na escola é muito pouco. O essencial é concluir a escola, e mais
crucial é aprender. É acaciano dizer que a boa escola é aquela que
ensina e onde os alunos aprendem.
Mas é isso mesmo.
Na semana passada, foi triste verificar a repetição de um quadro lamentável. Trata-se dos resultados
dos exames de avaliação realizados
pelo Ministério da Educação. A situação, que já era ruim em 1995,
piorou muito em 2005.
Nas provas do Sistema Nacional
de Avaliação da Educação Básica
(Saeb), numa escala de 0 a 500, os
alunos de quarta série obtiveram
uma média de 188 pontos em português no ano de 1995, tendo caído
para 172 em 2005. Os da 8ª série
baixaram de 256 para 231, e os da
3ª série, de 290 para 257! Em matemática, a queda foi igualmente
preocupante. Os da 4ª série passaram de 190 para 182; os da 8ª série,
de 253 para 239; e os da 3ª série, de
281 para 271.
Nas provas do Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem) de 2006,
os resultados foram também desapontadores. Em uma escala de 0 a
100, a média nacional dos alunos
em português foi de apenas 37 pontos, menor que em 2005, que já tinha sido muito ruim -39 pontos.
Esse é um problema de extrema
gravidade. A produtividade da economia depende fortemente da
competência dos cidadãos, e esta
depende da qualidade da educação.
Embora tenhamos no Brasil várias
ilhas de excelência, a produtividade média é baixa, e a distância em
relação a outros países está aumentando. Em 1970, a produtividade da Coréia do Sul era de 20%
da produtividade dos Estados Unidos, e a do Brasil era de 33%. Hoje,
a produtividade da Coréia do Sul
subiu para 44%, e a do Brasil baixou para 24%. Estamos ficando
longe dos nossos concorrentes.
É difícil competir no mundo globalizado, onde a corrida em direção
à eficiência é frenética e contínua.
Da mesma forma, é difícil construir uma democracia com base em
pessoas de pouco discernimento.
Os que não entendem o que lêem
geralmente não entendem o que
escutam, o que os impede de separar o joio do trigo, a mentira da verdade, a promessa vã das possibilidades reais.
A falta de capacidade crítica eleva os erros e faz do eleitor uma presa dos jogos emocionais. Se a escolha é difícil, mais difícil ainda, para
esses eleitores, é cobrar e controlar
os governantes. Em suma, não basta entrar e ficar na escola. É preciso
aprender a criar, inovar, sugerir,
demandar e atuar de modo construtivo. Tudo isso depende de um
bom ensino. Já é hora de o nosso
governo levar a educação a sério!
antonio.ermirio antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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