São Paulo, segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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Sinais contraditórios

Em meio à crise nas finanças, economia real dos países ricos (EUA, Japão e Europa) mostra desempenho divergente

MERCADOS de capitais cada vez mais interligados desencadeiam reações simultâneas de valorização e desvalorização dos ativos financeiros globais, com destaque para as Bolsas. Em janeiro, a queda nas cotações de 52 mercados acionários resultou em perdas de US$ 5,2 trilhões, segundo a agência Standard & Poor's. A economia real, no entanto, não dá sinais de reagir com sincronia.
No quarto trimestre, o PIB americano cresceu apenas 0,6%, em relação ao trimestre anterior. Os grandes bancos globais que operam em Wall Street se viram envolvidos pela inadimplência de tomadores de hipotecas de alto risco. A crise das hipotecas "subprime" gerou uma cadeia de eventos, ricocheteando em outros instrumentos e agentes financeiros. Isso trouxe perdas para bancos, seguradoras, fundos de investimento e aplicadores.
A desvalorização do dólar, por sua vez, ajudou a impulsionar as exportações americanas. O saldo negativo com a China, no entanto, expandiu-se 10,2%, chegando a US$ 256,3 bilhões no ano, maior déficit comercial com um único país já registrado nos EUA.
A economia japonesa cresceu 3,7% no mesmo período, surpreendendo a maioria dos analistas. Havia o temor de que o setor produtivo do Japão fosse afetado pela desaceleração dos EUA. O dinamismo proveio das exportações de máquinas e equipamentos para os demais países asiáticos, particularmente a China. As compras dos asiáticos compensaram o enfraquecimento da demanda americana.
O ritmo da expansão da economia na zona do euro foi de 1,6% no quarto trimestre de 2007, uma desaceleração diante do trimestre anterior (3,2%). A Europa sofreu os impactos da valorização do euro, dos juros altos, da turbulência nos mercados de crédito e do aumento dos preços de alimentos e combustíveis, que prejudicaram o consumo.
A despeito desse desaquecimento, a economia européia teve avanço de 2,6% durante o ano. Foi a primeira vez desde 2001 que o bloco econômico europeu cresceu mais que os EUA (2,2%).
Com o aumento da turbulência financeira no início de 2008, é provável que a economia americana siga em desaceleração. Dado o tamanho do PIB dos EUA, tal desempenho deverá repercutir no resto do mundo. Mas é inegável a existência de outras fontes de vigor na economia mundial, em especial em países do Sudeste Asiático, que impulsionam exportações de commodities e petróleo das nações emergentes, entre elas o Brasil.


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