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Sinais contraditórios
Em meio à crise nas finanças, economia real dos países ricos (EUA, Japão e Europa) mostra desempenho divergente
MERCADOS de capitais
cada vez mais interligados desencadeiam reações simultâneas de valorização e desvalorização dos ativos financeiros globais, com destaque para as
Bolsas. Em janeiro, a queda nas
cotações de 52 mercados acionários resultou em perdas de US$
5,2 trilhões, segundo a agência
Standard & Poor's. A economia
real, no entanto, não dá sinais de
reagir com sincronia.
No quarto trimestre, o PIB
americano cresceu apenas
0,6%, em relação ao trimestre
anterior. Os
grandes bancos
globais que operam em Wall
Street se viram
envolvidos pela
inadimplência
de tomadores
de hipotecas de
alto risco. A crise das hipotecas
"subprime" gerou uma cadeia de
eventos, ricocheteando em outros instrumentos e agentes financeiros. Isso trouxe perdas para bancos, seguradoras, fundos
de investimento e aplicadores.
A desvalorização do dólar, por
sua vez, ajudou a impulsionar as
exportações americanas. O saldo
negativo com a China, no entanto, expandiu-se 10,2%, chegando
a US$ 256,3 bilhões no ano,
maior déficit comercial com um
único país já registrado nos EUA.
A economia japonesa cresceu
3,7% no mesmo período, surpreendendo a maioria dos analistas. Havia o temor de que o setor produtivo do Japão fosse afetado pela desaceleração dos
EUA. O dinamismo proveio das
exportações de máquinas e equipamentos para os demais países
asiáticos, particularmente a China. As compras dos asiáticos
compensaram o enfraquecimento da demanda americana.
O ritmo da expansão da economia na zona do euro foi de 1,6%
no quarto trimestre de 2007,
uma desaceleração diante do trimestre anterior (3,2%). A Europa sofreu os impactos da valorização do euro, dos juros altos, da
turbulência nos mercados de
crédito e do aumento dos preços
de alimentos e combustíveis, que
prejudicaram o
consumo.
A despeito
desse desaquecimento, a economia européia
teve avanço de
2,6% durante o
ano. Foi a primeira vez desde
2001 que o bloco
econômico europeu cresceu
mais que os
EUA (2,2%).
Com o aumento da turbulência
financeira no início de 2008, é
provável que a economia americana siga em desaceleração. Dado o tamanho do PIB dos EUA,
tal desempenho deverá repercutir no resto do mundo. Mas é inegável a existência de outras fontes de vigor na economia mundial, em especial em países do
Sudeste Asiático, que impulsionam exportações de commodities e petróleo das nações emergentes, entre elas o Brasil.
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