São Paulo, segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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Compromisso a cumprir

A PETROBRAS apresentou à comitiva boliviana em visita ao Brasil a única resposta adequada para a proposta de reduzir os volumes de gás natural importados daquele país: não vai dar. Não há outra resposta cabível, porque o volume de 30 milhões de m3 diários está fixado em contrato. Além disso, porque o Brasil precisa desse gás para atividades essenciais.
A crise de abastecimento de outubro deixou muito clara a dependência brasileira. Para fazer frente a compromissos com a geração térmica de eletricidade, a Petrobras interrompeu o fornecimento para clientes fora do setor elétrico. Não há mais margem de manobra.
Apesar disso, o vice-presidente boliviano, Álvaro Garcia Linera, e o ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, trouxeram na bagagem a proposta inaceitável: limitar o volume a algo entre 27 milhões e 29 milhões de m3 diários. Alegaram que a redução permitiria destinar a diferença à Argentina, que enfrenta uma crise energética.
Numa situação emergencial, como no inverno de 2007, o governo brasileiro concordou com um acréscimo da quantidade alocada para aquecer os lares argentinos. Não há motivo para fazê-lo novamente agora.
Na raiz da dificuldade boliviana para cumprir compromissos está a própria gestão errática do presidente Evo Morales, inibidora de investimentos que poderiam contribuir para elevar a produção. A ajuda que a Petrobras poderia dar já foi providenciada: em dezembro, anunciou a retomada de seus próprios investimentos nos campos de gás bolivianos.
Até que produzam resultados, cabe ao vizinho entregar o que foi acordado. Espera-se somente que o presidente Lula não decida interferir e atropelar a empresa estatal, como fez há um ano na negociação sobre o preço do gás.


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