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Compromisso a cumprir
A PETROBRAS apresentou à
comitiva boliviana em visita ao Brasil a única resposta adequada para a proposta
de reduzir os volumes de gás natural importados daquele país:
não vai dar. Não há outra resposta cabível, porque o volume de 30
milhões de m3 diários está fixado
em contrato. Além disso, porque
o Brasil precisa desse gás para
atividades essenciais.
A crise de abastecimento de
outubro deixou muito clara a dependência brasileira. Para fazer
frente a compromissos com a geração térmica de eletricidade, a
Petrobras interrompeu o fornecimento para clientes fora do setor elétrico. Não há mais margem de manobra.
Apesar disso, o vice-presidente boliviano, Álvaro Garcia Linera, e o ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, trouxeram na bagagem a proposta inaceitável: limitar o volume a algo
entre 27 milhões e 29 milhões de
m3 diários. Alegaram que a redução permitiria destinar a diferença à Argentina, que enfrenta
uma crise energética.
Numa situação emergencial,
como no inverno de 2007, o governo brasileiro concordou com
um acréscimo da quantidade
alocada para aquecer os lares argentinos. Não há motivo para fazê-lo novamente agora.
Na raiz da dificuldade boliviana para cumprir compromissos
está a própria gestão errática do
presidente Evo Morales, inibidora de investimentos que poderiam contribuir para elevar a
produção. A ajuda que a Petrobras poderia dar já foi providenciada: em dezembro, anunciou a
retomada de seus próprios investimentos nos campos de gás
bolivianos.
Até que produzam resultados,
cabe ao vizinho entregar o que
foi acordado. Espera-se somente
que o presidente Lula não decida
interferir e atropelar a empresa
estatal, como fez há um ano na
negociação sobre o preço do gás.
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