São Paulo, quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

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Editoriais

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Torneio de despesas

A POUCO MAIS de quatro anos do início da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, o cenário já começa a despertar justificadas preocupações. De acordo com reportagem publicada ontem por esta Folha, as despesas previstas para o evento ultrapassam em 120% os gastos anunciados pela África do Sul, país que patrocina o Mundial deste ano.
Mesmo levando-se em conta que em 2014 será maior o número de sedes (12 contra 9) e de estádios (12 contra 10), a diferença permanece alta. E tende a aumentar, uma vez que ainda não foram estimados os custos de itens importantes, como segurança e centros de treinamento.
O ministro dos Esportes, Orlando Silva Jr., defendeu-se colocando em dúvida os números sul-africanos -sem no entanto apresentar nenhuma evidência de que foram manipulados.
Em que pesem os acenos à participação da iniciativa privada, lançados pela Confederação Brasileira de Futebol e pelo próprio ministério, está claro que mais de 90% dos investimentos em reforma e construção de estádios virão de fontes públicas.
Na maior parte dos casos, o BNDES emprestará dinheiro para Estados e municípios realizarem as obras. Além disso, como previsto, o poder público assumirá as necessárias melhorias na infraestrutura das cidades.
Até aqui, o custo total da Copa, segundo cálculos oficiais, aproxima-se de R$ 18 bilhões -cifra que envolve os desembolsos das esferas pública e privada.
Muitos, inclusive esta Folha, já haviam alertado para o risco de descontrole e falta de transparência na administração dos orçamentos da Copa e da Olimpíada -que se realizará em 2016, no Rio. É lamentável, mas não parecem remotas as chances de que desvios como os verificados nos Jogos Pan-Americanos de 2007 voltem a entrar em cena.


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