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Torneio de despesas
A POUCO MAIS de quatro
anos do início da Copa do
Mundo de 2014, que será
realizada no Brasil, o cenário já
começa a despertar justificadas
preocupações. De acordo com
reportagem publicada ontem
por esta Folha, as despesas previstas para o evento ultrapassam
em 120% os gastos anunciados
pela África do Sul, país que patrocina o Mundial deste ano.
Mesmo levando-se em conta
que em 2014 será maior o número de sedes (12 contra 9) e de estádios (12 contra 10), a diferença
permanece alta. E tende a aumentar, uma vez que ainda não
foram estimados os custos de
itens importantes, como segurança e centros de treinamento.
O ministro dos Esportes, Orlando Silva Jr., defendeu-se colocando em dúvida os números
sul-africanos -sem no entanto
apresentar nenhuma evidência
de que foram manipulados.
Em que pesem os acenos à participação da iniciativa privada,
lançados pela Confederação
Brasileira de Futebol e pelo próprio ministério, está claro que
mais de 90% dos investimentos
em reforma e construção de estádios virão de fontes públicas.
Na maior parte dos casos, o
BNDES emprestará dinheiro para Estados e municípios realizarem as obras. Além disso, como
previsto, o poder público assumirá as necessárias melhorias na
infraestrutura das cidades.
Até aqui, o custo total da Copa,
segundo cálculos oficiais, aproxima-se de R$ 18 bilhões -cifra
que envolve os desembolsos das
esferas pública e privada.
Muitos, inclusive esta Folha,
já haviam alertado para o risco
de descontrole e falta de transparência na administração dos
orçamentos da Copa e da Olimpíada -que se realizará em 2016,
no Rio. É lamentável, mas não
parecem remotas as chances de
que desvios como os verificados
nos Jogos Pan-Americanos de
2007 voltem a entrar em cena.
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