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Sabotagem israelense
NÃO TEM sido pequeno o esforço diplomático norte-americano para convencer a Autoridade Nacional Palestina a retomar as negociações de
paz com Israel. Os líderes da
ANP se recusavam a dar continuidade ao processo desde a invasão da faixa de Gaza pelo Exército israelense, no final de 2008.
Há duas semanas, por fim, os
palestinos aceitaram um modelo
de conversações que seria conduzido por um representante
dos EUA. O acordo no entanto
não durou mais do que dois dias.
O governo israelense aparentemente preferiu sabotar a continuidade das negociações. Só
pode ser vista assim a descabida
decisão de construir mais 1.600
casas para judeus em Jerusalém
Oriental, reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado. Não bastasse, o
anúncio -como uma afronta-
foi feito durante a visita ao país
do vice-presidente dos EUA, Joe
Biden, que pretendia marcar o
reinício das negociações.
A insistência de Israel na política de fatos consumados, que
busca lenta e inexoravelmente
anexar parcelas do que deveria
ser o futuro Estado palestino,
dessa vez conseguiu irritar até
mesmo os EUA.
Ao minar os esforços americanos, o governo israelense enfraquece líderes palestinos que ainda defendem a necessidade de
diálogo. Manifestações de rua
conclamadas pelo grupo radical
Hamas ganharam anteontem o
apoio de membros do Fatah, partido mais moderado e secular.
Os EUA continuam a ser a única potência capaz de obrigar os
israelenses a se sentarem à mesa
de negociações. Israel é o país
que mais recebe ajuda financeira
americana, estimada em US$ 2,4
bilhões anuais. Impor condições
para manter essa transferência
poderia surtir efeitos.
É pouco provável, todavia, que
Barack Obama se disponha, num
momento em que se encontra
enfraquecido, a enfrentar fortes
resistências políticas internas
para pressionar com mais determinação o aliado.
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