São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2010

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Editoriais

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Sabotagem israelense

NÃO TEM sido pequeno o esforço diplomático norte-americano para convencer a Autoridade Nacional Palestina a retomar as negociações de paz com Israel. Os líderes da ANP se recusavam a dar continuidade ao processo desde a invasão da faixa de Gaza pelo Exército israelense, no final de 2008.
Há duas semanas, por fim, os palestinos aceitaram um modelo de conversações que seria conduzido por um representante dos EUA. O acordo no entanto não durou mais do que dois dias.
O governo israelense aparentemente preferiu sabotar a continuidade das negociações. Só pode ser vista assim a descabida decisão de construir mais 1.600 casas para judeus em Jerusalém Oriental, reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado. Não bastasse, o anúncio -como uma afronta- foi feito durante a visita ao país do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, que pretendia marcar o reinício das negociações.
A insistência de Israel na política de fatos consumados, que busca lenta e inexoravelmente anexar parcelas do que deveria ser o futuro Estado palestino, dessa vez conseguiu irritar até mesmo os EUA.
Ao minar os esforços americanos, o governo israelense enfraquece líderes palestinos que ainda defendem a necessidade de diálogo. Manifestações de rua conclamadas pelo grupo radical Hamas ganharam anteontem o apoio de membros do Fatah, partido mais moderado e secular.
Os EUA continuam a ser a única potência capaz de obrigar os israelenses a se sentarem à mesa de negociações. Israel é o país que mais recebe ajuda financeira americana, estimada em US$ 2,4 bilhões anuais. Impor condições para manter essa transferência poderia surtir efeitos.
É pouco provável, todavia, que Barack Obama se disponha, num momento em que se encontra enfraquecido, a enfrentar fortes resistências políticas internas para pressionar com mais determinação o aliado.



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