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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
A santidade de Madre Paulina
Amanhã, 19 de maio -festa de
Pentecostes-, quando os jornais
estiverem chegando às mãos dos leitores, Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus já terá sido, em Roma,
proclamada santa pelo Papa João Paulo 2º, que completa hoje 82 anos de
idade. Diante da basílica de São Pedro,
no Vaticano, muitos brasileiros, tendo
à frente cardeais e bispos, participarão
da solene liturgia de canonização da
querida Madre Paulina, a primeira no
Brasil a ser reconhecida santa oficialmente pela Igreja. A celebração será
transmitida, em nosso país, pela Rede
Vida, a partir das 5h.
Sua vida é um poema de simplicidade e de amor a Deus e ao próximo.
Nascida na Itália, em 16/12/1865, na cidade de Vigolo Vattaro, recebeu no
batismo o nome de Amabile Lucia. Tinha nove anos de idade quando veio
para o Brasil com os pais, Antonio Napoleão Visintainer e Ana Pianezer. Em
1875, chegaram a Nova Trento, em
Santa Catarina. Seus pais criaram 14
filhos e passaram pelas vicissitudes e
sofrimentos por que passaram milhares de imigrantes italianos.
Amabile desde criança sentiu-se
atraída por Deus à oração e ao trabalho, com especial afeto pelos pobres e
pelos doentes. Confiante na proteção
de Maria Imaculada, vivia intensa entrega a Jesus Cristo e devoção à Eucaristia. Aos 25 anos, auxiliada pela amiga Virginia Nicolodi, tomou a decisão
heróica de consagrar-se a Deus e de
dedicar-se a uma senhora pobre e
portadora de câncer em situação terminal. Pouco a pouco, associaram-se
outras jovens com o mesmo anseio de
vida religiosa. Era o início da futura
Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, que cresceu abençoada por Deus, assumindo, nos lugares mais necessitados, o cuidado de
pobres, de enfermos e de crianças órfãs e desamparadas.
A vida da fundadora, no entanto,
passou por duras provas. Após estar à
frente da Congregação, Madre Paulina viu-se afastada do cargo por incompreensões. Com grande abandono à vontade de Deus, foi enviada a
Bragança Paulista, onde, por 13 anos,
se entregou, no escondimento, aos
trabalhos mais humildes. De volta a
São Paulo, em 1919, no bairro do Ipiranga, ocupou-se com ternura das irmãs mais idosas. Acometida de diabetes, teve de submeter-se à amputação
do braço direito e foi perdendo, aos
poucos, a vista até ficar cega.
Sempre serena e confiante em Deus,
veio a morrer em 1942 com o único
anseio de tornar Jesus Cristo mais conhecido e adorado em todo o mundo.
A Congregação das Irmãzinhas da
Imaculada Conceição atinge hoje 11
países na América e na África, nos ambientes mais árduos, servindo com
amor a Jesus Cristo na pessoa dos
mais necessitados e em situação de injustiça.
O processo de canonização, iniciado
em 1965 e acompanhado pela incansável irmã Célia Cadorin, revela as exímias virtudes de Madre Paulina, confirmadas por dois milagres reconhecidos pela Sé Apostólica. Em 18/10/91,
em Florianópolis, João Paulo 2º declarou beata a humilde Amabile Lucia. É,
agora, solenemente proclamada modelo de vida cristã e santa pela inteira
fidelidade a Jesus Cristo.
O que mais me impressiona em nossa querida santa brasileira é a beleza
de sua paz interior nas provações e entrega total nas mãos de Deus, a exemplo de Maria Imaculada.
A canonização de Madre Paulina é
apelo a todos, especialmente aos jovens, à vida cotidiana de santidade e
demonstra que a graça divina atua em
terras brasileiras, suscitando a confiança filial e a caridade heróica a serviço dos necessitados. É o momento
de unirmos nossas preces e, com alegria e gratidão, louvarmos a Deus pela
vida de santa Madre Paulina.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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