São Paulo, sábado, 18 de maio de 2002

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

A santidade de Madre Paulina

Amanhã, 19 de maio -festa de Pentecostes-, quando os jornais estiverem chegando às mãos dos leitores, Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus já terá sido, em Roma, proclamada santa pelo Papa João Paulo 2º, que completa hoje 82 anos de idade. Diante da basílica de São Pedro, no Vaticano, muitos brasileiros, tendo à frente cardeais e bispos, participarão da solene liturgia de canonização da querida Madre Paulina, a primeira no Brasil a ser reconhecida santa oficialmente pela Igreja. A celebração será transmitida, em nosso país, pela Rede Vida, a partir das 5h.
Sua vida é um poema de simplicidade e de amor a Deus e ao próximo. Nascida na Itália, em 16/12/1865, na cidade de Vigolo Vattaro, recebeu no batismo o nome de Amabile Lucia. Tinha nove anos de idade quando veio para o Brasil com os pais, Antonio Napoleão Visintainer e Ana Pianezer. Em 1875, chegaram a Nova Trento, em Santa Catarina. Seus pais criaram 14 filhos e passaram pelas vicissitudes e sofrimentos por que passaram milhares de imigrantes italianos.
Amabile desde criança sentiu-se atraída por Deus à oração e ao trabalho, com especial afeto pelos pobres e pelos doentes. Confiante na proteção de Maria Imaculada, vivia intensa entrega a Jesus Cristo e devoção à Eucaristia. Aos 25 anos, auxiliada pela amiga Virginia Nicolodi, tomou a decisão heróica de consagrar-se a Deus e de dedicar-se a uma senhora pobre e portadora de câncer em situação terminal. Pouco a pouco, associaram-se outras jovens com o mesmo anseio de vida religiosa. Era o início da futura Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, que cresceu abençoada por Deus, assumindo, nos lugares mais necessitados, o cuidado de pobres, de enfermos e de crianças órfãs e desamparadas.
A vida da fundadora, no entanto, passou por duras provas. Após estar à frente da Congregação, Madre Paulina viu-se afastada do cargo por incompreensões. Com grande abandono à vontade de Deus, foi enviada a Bragança Paulista, onde, por 13 anos, se entregou, no escondimento, aos trabalhos mais humildes. De volta a São Paulo, em 1919, no bairro do Ipiranga, ocupou-se com ternura das irmãs mais idosas. Acometida de diabetes, teve de submeter-se à amputação do braço direito e foi perdendo, aos poucos, a vista até ficar cega.
Sempre serena e confiante em Deus, veio a morrer em 1942 com o único anseio de tornar Jesus Cristo mais conhecido e adorado em todo o mundo.
A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição atinge hoje 11 países na América e na África, nos ambientes mais árduos, servindo com amor a Jesus Cristo na pessoa dos mais necessitados e em situação de injustiça.
O processo de canonização, iniciado em 1965 e acompanhado pela incansável irmã Célia Cadorin, revela as exímias virtudes de Madre Paulina, confirmadas por dois milagres reconhecidos pela Sé Apostólica. Em 18/10/91, em Florianópolis, João Paulo 2º declarou beata a humilde Amabile Lucia. É, agora, solenemente proclamada modelo de vida cristã e santa pela inteira fidelidade a Jesus Cristo.
O que mais me impressiona em nossa querida santa brasileira é a beleza de sua paz interior nas provações e entrega total nas mãos de Deus, a exemplo de Maria Imaculada.
A canonização de Madre Paulina é apelo a todos, especialmente aos jovens, à vida cotidiana de santidade e demonstra que a graça divina atua em terras brasileiras, suscitando a confiança filial e a caridade heróica a serviço dos necessitados. É o momento de unirmos nossas preces e, com alegria e gratidão, louvarmos a Deus pela vida de santa Madre Paulina.


D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.



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