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VAZIO ESTATÍSTICO
Não se combate desemprego
com estatísticas, mas não há
dúvida de que um governo que disponha de dados abrangentes e detalhados sobre a situação do mercado
de trabalho terá em mãos um instrumento valioso para formular suas
políticas. Nesse sentido, o verdadeiro "apagão estatístico" que tem lugar
no Brasil, como mostrou esta Folha
em reportagem publicada no domingo, é uma deficiência a ser sanada.
Ninguém duvida que o desemprego é um dos maiores problemas do
país. Ele expressa de maneira dramática não apenas as conseqüências de
novidades tecnológicas e mudanças
produtivas, como principalmente o
baixo dinamismo da economia, que
tem gerado quantidade de vagas
muito aquém da demanda. Está claro também que o encolhimento da
oferta de postos de trabalho vem sendo acompanhado da crescente "precarização do emprego", ou seja, do
aumento da informalidade.
O que não se sabe com exatidão é
qual a real dimensão do problema. A
pesquisa mensal realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que fornece a taxa oficial de desemprego, baseia-se em dados das
seis principais regiões metropolitanas. O restante do país fica fora do levantamento.
Esse vazio estatístico dá margem a
opiniões que são expressas ao sabor
das conveniências do governo ou da
oposição. Para o primeiro, o interior
estaria produzindo o "dobro" de empregos dos centros urbanos, como
declarou o ministro da Fazenda, em
abril, no encontro anual do FMI. Já
segundo o presidente da Força Sindical, o desemprego é "generalizado".
É verdade que o Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados, ao
qual toda empresa deveria, em tese,
reportar suas contratações e demissões, pode fornecer pistas, mas não
se trata de uma pesquisa confiável
para aferir a situação do mercado de
trabalho nacional. Parece evidente
que um esforço deve ser feito para
que o país conte com dados mais
amplos e precisos -algo que seria
útil para o governo e para a própria
iniciativa privada.
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