São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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VAZIO ESTATÍSTICO

Não se combate desemprego com estatísticas, mas não há dúvida de que um governo que disponha de dados abrangentes e detalhados sobre a situação do mercado de trabalho terá em mãos um instrumento valioso para formular suas políticas. Nesse sentido, o verdadeiro "apagão estatístico" que tem lugar no Brasil, como mostrou esta Folha em reportagem publicada no domingo, é uma deficiência a ser sanada.
Ninguém duvida que o desemprego é um dos maiores problemas do país. Ele expressa de maneira dramática não apenas as conseqüências de novidades tecnológicas e mudanças produtivas, como principalmente o baixo dinamismo da economia, que tem gerado quantidade de vagas muito aquém da demanda. Está claro também que o encolhimento da oferta de postos de trabalho vem sendo acompanhado da crescente "precarização do emprego", ou seja, do aumento da informalidade.
O que não se sabe com exatidão é qual a real dimensão do problema. A pesquisa mensal realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que fornece a taxa oficial de desemprego, baseia-se em dados das seis principais regiões metropolitanas. O restante do país fica fora do levantamento.
Esse vazio estatístico dá margem a opiniões que são expressas ao sabor das conveniências do governo ou da oposição. Para o primeiro, o interior estaria produzindo o "dobro" de empregos dos centros urbanos, como declarou o ministro da Fazenda, em abril, no encontro anual do FMI. Já segundo o presidente da Força Sindical, o desemprego é "generalizado".
É verdade que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, ao qual toda empresa deveria, em tese, reportar suas contratações e demissões, pode fornecer pistas, mas não se trata de uma pesquisa confiável para aferir a situação do mercado de trabalho nacional. Parece evidente que um esforço deve ser feito para que o país conte com dados mais amplos e precisos -algo que seria útil para o governo e para a própria iniciativa privada.


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