São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2006

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A DIMENSÃO DA FOME

De acordo com números do IBGE divulgados ontem, 13,9 milhões de pessoas passaram fome no Brasil em 2004. O resultado veio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), e a cifra é indicativa da lentidão das políticas públicas para o setor.
Dos 52 milhões de domicílios particulares estimados pela Pnad naquele ano, em 6,5% residiam pessoas em estado de insegurança alimentar grave -definição atribuída aos que passaram fome com freqüência ou em alguns dias nos três meses que antecederam a data da pesquisa. A incluir-se na conta também a insegurança alimentar moderada -atribuída às pessoas com dificuldade para obter alimentos-, o número sobe para 39,5 milhões, ou cerca de 22% da população brasileira.
Contrapostos ao fato de que dois terços das casas assistidas por programas de transferência de renda, não importa de qual esfera de governo, ainda convivem com algum grau de insegurança alimentar, os números sinalizam a insuficiência das iniciativas oficiais e pedem um ajuste de foco para o problema por parte do governo federal.
É verdade que, em termos absolutos, o número de famintos no Brasil tem caído: era de 18,6 milhões em 1990-92 e passou a 15,6 milhões em 1999-2001. Mas o ritmo da queda sugere mais um movimento inercial decorrente da melhoria de infra-estrutura do que frutos de políticas como o Bolsa-Família.
O governo age como se a transferência de recursos fosse um fim em si mesmo. Estratégias de desenvolvimento local e geração de renda e a ampliação e a melhoria da oferta de serviços públicos de saúde e educação são medidas que não podem ser preteridas em favor de uma iniciativa meramente assistencialista.


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