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A DIMENSÃO DA FOME
De acordo com números do
IBGE divulgados ontem, 13,9
milhões de pessoas passaram fome
no Brasil em 2004. O resultado veio
da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad), e a cifra é indicativa da lentidão das políticas públicas para o setor.
Dos 52 milhões de domicílios particulares estimados pela Pnad naquele ano, em 6,5% residiam pessoas
em estado de insegurança alimentar
grave -definição atribuída aos que
passaram fome com freqüência ou
em alguns dias nos três meses que
antecederam a data da pesquisa. A
incluir-se na conta também a insegurança alimentar moderada -atribuída às pessoas com dificuldade para
obter alimentos-, o número sobe
para 39,5 milhões, ou cerca de 22%
da população brasileira.
Contrapostos ao fato de que dois
terços das casas assistidas por programas de transferência de renda,
não importa de qual esfera de governo, ainda convivem com algum grau
de insegurança alimentar, os números sinalizam a insuficiência das iniciativas oficiais e pedem um ajuste de
foco para o problema por parte do
governo federal.
É verdade que, em termos absolutos, o número de famintos no Brasil
tem caído: era de 18,6 milhões em
1990-92 e passou a 15,6 milhões em
1999-2001. Mas o ritmo da queda sugere mais um movimento inercial
decorrente da melhoria de infra-estrutura do que frutos de políticas como o Bolsa-Família.
O governo age como se a transferência de recursos fosse um fim em
si mesmo. Estratégias de desenvolvimento local e geração de renda e a
ampliação e a melhoria da oferta de
serviços públicos de saúde e educação são medidas que não podem ser
preteridas em favor de uma iniciativa
meramente assistencialista.
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