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CLÓVIS ROSSI
O paradigma para o PCC
SÃO PAULO - Se houve ou não negociação entre as autoridades paulistas
e o PCC (Primeiro Comando da Capital), talvez só se saiba dentro de
muito tempo. Mas o que já se sabe é
suficiente para aterrorizar até o mais
zen dos paulistanos: a violência cessou não porque a polícia tenha conseguido controlá-la, mas porque os
criminosos decidiram dar um tempo
ou reduzir a escala de operações (é
bom ter sempre presente que a selvageria da vida em São Paulo é permanente, embora em escala menos, digamos, midiática).
Corolário inevitável: à hora que
quiser, a bandidagem volta a sitiar a
cidade, o Estado, as autoridades. Volta, enfim, a pôr de joelhos o poder público e, como dano colateral, a aterrorizar uma população indefesa. Indefesa, aliás, sempre esteve. A diferença é que, agora, todos tomaram
conhecimento de sua realidade, da
forma mais brutal.
A única hipótese, portanto, de a situação permanecer "normalizada"
será atender o PCC. Quem garante
que, dentro de uma semana, 15 dias,
um mês, quando a atenção do público e da mídia estiver em outra coisa
(a Copa do Mundo, por exemplo), os
líderes dos grupos criminosos não gozarão de seu banho de sol, de suas visitas íntimas e do que mais tenham
reivindicado?
Presídios de segurança máxima por
definição não ficam à vista do público (e da mídia) para saber em que
condições cumprem suas penas os
"Marcolas" da vida.
Como demonstrou poder de fogo
superior ao do Estado, solidariedade
interna superior à dos governantes
entre si e um início de politização, o
PCC bem pode agora exigir o mesmo
tratamento concedido à outra "organização criminosa", aquela denunciada pelo procurador-geral da República, cujos líderes estão todos soltos, viajando de jatinhos privados e
comendo em restaurantes chiques de
São Paulo.
Não é justo que todas as "organizações criminosas" tenham o mesmo tipo de tratamento?
@ - crossi@uol.com.br
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