São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES CONFLITO ISRAELO-PALESTINO Anti-semitismo e anti-sionismo
JAYME BLAY
A Intifada voltou a mergulhar o Oriente Médio no caldeirão do confronto. Recuperou o terrorismo como arma política, uma opção inaceitável em tempos atuais. No campo da luta das idéias, proliferam tentativas de emprestar densidade a um conceito batizado de anti-sionismo, numa iniciativa que tem como objetivo minar a legitimidade de Israel, assim negando ao povo judeu o seu lugar na comunidade das nações e negando o direito a ter sua pátria. Rejeitar o sionismo é, portanto, atacar o direito básico da existência de Israel como uma nação, em violação a um dos princípios fundamentais do direito internacional. É falso fazer a distinção entre anti-semitismo e anti-sionismo. Conforme Martin Luther King Jr. escreveu, em 1967, o anti-sionismo "é inerentemente anti-semita". Realmente, não é coincidência que as censuras e condenações a Israel em fóruns internacionais e na mídia tenham sido acompanhadas de uma forte escalada dos incidentes anti-semitas em muitas partes do mundo. Conforme notou King, anti-sionismo "é a negativa ao povo judeu de um direito fundamental que justamente clamamos para os povos da África, com o que, livremente, outras nações do globo se põem de acordo. É discriminação contra os judeus porque eles são judeus. Resumindo, é anti-semitismo". A mídia do mundo árabe, controlada pelos governos locais, transformou-se em recipiente e disseminadora dos mais medievais preconceitos antijudaicos. Há seriado de televisão baseado nos "Protocolos dos Sábios do Sião", um dos principais emblemas da literatura anti-semita. Jornais governamentais publicam textos e charges para perpetuar estigmas já condenados ao lixo da história. Nos meios de comunicação palestinos, glorifica-se o terrorismo e educa-se para a guerra. Qualquer debate honesto sobre o Oriente Médio deve partir do pressuposto de que não há solução a não ser o caminho de dois Estados, um judeu e um palestino. Aventureiros que posam de intelectuais e que buscam deslegitimar a milenar reivindicação judaica de ter seu lar nacional na terra de Israel prestam um desserviço à paz e às gerações futuras de israelenses e de palestinos. Querer ressuscitar o fantasma do anti-semitismo e rejeitar o direito de Israel à existência representa retrocessos inadmissíveis em pleno século 21. Jayme Blay, 63, engenheiro, é um dos vice-presidentes do World Council of Synagogues e o presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Farid Suwwan: Dois pesos e duas medidas Índice |
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