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VALDO CRUZ
Pitaco
BRASÍLIA - Não sou nenhum senador, mas, como o presidente do
Senado, José Sarney, pediu sugestões para mudar regras da Casa, vou
dar o meu pitaco nesse assunto e
apresentar uma contribuição.
É um pequeno adendo à proposta
do líder do PSDB, Arthur Virgílio,
de que o diretor-geral da instituição
tenha um mandato limitado e seja
aprovado pelo plenário.
Que tal os senadores buscarem
um nome de fora da Casa para ser o
próximo diretor-geral? Alguém totalmente isento, sem ligações com
facções dentro do Senado.
Com certeza há nomes acima de
qualquer suspeita no mercado, especializados em administração pública. Sem viés político, o escolhido
ajudaria na elaboração de uma verdadeira reforma da Casa.
A ideia pode ser muito eficaz. Afinal, uma das origens da atual crise é
a guerra entre dois grupos de funcionários pelo controle administrativo e orçamentário da Casa. Até
aqui, é desses grupos em conflito
que sai o diretor-geral.
Reconheço que minha sugestão
não é lá muito fácil de ser acatada.
Representaria a perda de um poder
gigantesco, que desde sempre tem
sido usado pelos senadores para
distribuir favores entre aliados.
Mas, com certeza, seria a melhor
forma de os parlamentares assumirem que, para enfrentar a atual crise, estão de fato comprometidos
com a total transparência dos atos e
negócios do Senado.
Aí, na verdade, está o principal
entrave para mudanças profundas
na instituição. Todo mundo quer
mudar, mas sem jogar muita luz sobre práticas do passado.
Ainda sobre o tema: nenhum senador, aliado ou adversário, citou
os casos envolvendo o presidente
Sarney após seu discurso. Nenhuma palavra sobre nomeações de parentes. Será por quê?
Não foi só isso. No plenário, as falas foram na linha conciliatória. Fora dele, alguns mudaram o tom e,
diante da imprensa, ensaiaram críticas ao colega. Um teatro.
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