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KENNETH MAXWELL
Brics
AS NOTÍCIAS sobre o Brasil
melhoraram. O PIB no primeiro trimestre demonstrou um declínio de apenas 0,8%,
muito mais suave do que o esperado. Isso se compara a uma contração de 1,8% em relação ao primeiro
trimestre de 2008. Em termos
mundiais, é uma boa notícia. Como
resultado, o BC reduziu as taxas de
juros a 9,25%, um recorde de baixa.
E o Brasil emprestou US$ 10 bilhões ao FMI, reservando esse dinheiro a empréstimos para os países menos desenvolvidos.
Somados, esses resultados econômicos e ações do governo representam uma despedida muito boa
para a viagem do presidente Lula à
Rússia, onde ele participou na terça-feira da primeira conferência de
cúpula do grupo dos Brics, os líderes de Brasil, Rússia, Índia e China,
na cidade russa de Ecaterimburgo,
nos montes Urais.
Desde junho de 2007 Lula vinha
apelando por esse encontro. Sua
intenção, como declarou à agência
de notícias Reuters antes de embarcar, era a de que os quatro países em desenvolvimento começassem a trabalhar juntos "para mudar os agrupamentos políticos e comerciais do mundo".
O acrônimo Bric foi criado por
Jim O'Neill, economista-chefe do
banco Goldman Sachs em Nova
York. O'Neill argumentava que,
nos próximos 50 anos, essas quatro
nações viriam a dominar a economia mundial. Somadas, elas compreendem hoje 25% da área habitável, 40% da população e 15% da
economia do planeta.
Será que se trata de uma esperança realista? Hoje os Brics somados respondem por apenas 12% do
PIB mundial. Mas juntos detêm
US$ 2,8 trilhões em reservas cambiais. Todos vêm criticando o papel
do dólar dos Estados Unidos como
moeda internacional de reserva. A
Rússia detém US$ 400 bilhões em
reservas cambiais e de ouro e ocupa a terceira posição mundial
quanto às reservas, atrás da China
(com US$ 1,534 trilhão) e do Japão.
As reservas brasileiras são de
US$ 205 bilhões, e as da Índia chegam a US$ 275 bilhões.
Todos esses países cuidaram
nesta semana para não dizer algo
que possa causar uma crise do dólar. Mas é igualmente claro que teriam a capacidade de causá-la.
O poder dos Brics por enquanto
é mais retórico que real. A economia do Brasil, ainda que seja a décima maior do mundo, atinge apenas
metade das dimensões da economia francesa. No entanto, a conferência de cúpula da Rússia não deveria ser desconsiderada. A próxima reunião dos quatro líderes
acontecerá no Brasil, em 2010.
Os Brics buscam, acima de tudo,
uma voz mais alta nos negócios internacionais. A reunião na Rússia
nesta semana foi um importante
primeiro passo para atingir esse
objetivo.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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