São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2003 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENDÊNCIAS/DEBATES Separando o joio do trigo
ÁLVARO SÓLON DE FRANÇA
Numa atitude inédita, a Previdência Social, em parceria com a Receita Federal, está desenvolvendo, neste ano, auditoria fiscal nas 350 maiores entidades filantrópicas isentas das contribuições destinadas à Seguridade Social. Pretendemos verificar se realmente essas entidades estão cumprindo os preceitos legais para usufruírem da isenção das contribuições. Somente essas entidades respondem por 70% das renúncias, o equivalente a R$ 1,52 bilhão. A auditoria fiscal, cumprindo o que a sociedade dela espera, estará sendo rigorosa na separação entre o joio e o trigo. Não se trata de uma caça às bruxas; o que nós precisamos é estabelecer um maior controle sobre essas renúncias, que vêm sendo objeto de desvios em alguns casos. A fiscalização conjunta do INSS e da Receita Federal pretende livrar as verdadeiras entidades beneficentes de assistência social da companhia indesejável das entidades que se apropriam dos recursos da sociedade e os aplicam em atividades distantes da filantropia. Em atitude inédita, também divulgamos no site da Previdência Social (www.previdenciasocial.gov.br) a relação de todas as entidades filantrópicas com isenção das contribuições destinadas à Seguridade Social, para que sociedade, legítima proprietária da Previdência, possa controlar se os seus recursos estão sendo aplicados de maneira saudável. O controle social é fundamental para que o caminho percorrido entre os recursos retirados da sociedade e os serviços a ela oferecidos seja transparente. Na última semana, obtivemos a valorosa compreensão do Congresso acerca da missão que o INSS e o Ministério da Previdência devem desempenhar na fiscalização de isenções às filantrópicas. A previsão de recurso ao ministro da Previdência, quando houver divergência sobre a renovação de isenção previdenciária, protege a sociedade e o Conselho Nacional de Assistência Social, que passa a contar com poderoso instrumento de controle técnico sobre suas decisões. Creio que, agindo dessa forma, estaremos atendendo ao anseio da sociedade brasileira, que espera que os servidores públicos sejam rigorosos no trato da coisa pública. Como auditor fiscal do INSS há 16 anos, tenho certeza de que minha categoria realiza, neste governo, seu compromisso com o Estado e com a Previdência Social como jamais pôde fazê-lo. Trata-se de uma oportunidade histórica, que não vamos desperdiçar. Álvaro Sólon de França, 49, é secretário-executivo do Ministério da Previdência Social. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Sergio Miceli: A universidade pública a perigo Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
|