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CONSUMIDOR ENDIVIDADO
Os dados mais recentes confirmam que os bens de consumo
duráveis continuam a liderar as vendas do comércio varejista no Brasil,
bem à frente das vendas de bens de
consumo semi e não-duráveis, que
fraquejam. As razões desse contraste
persistente parecem estar fortemente
associadas à evolução, também contrastante, do crédito ao consumidor,
do emprego e do nível de rendimento real dos trabalhadores.
A despeito das seguidas elevações
da taxa de juros básica, apenas recentemente interrompidas, a concessão
de crédito às pessoas físicas manteve-se em franca expansão. Nos 12
meses encerrados em maio passado,
ela exibiu aumento de 40%, segundo
os dados do Banco Central (BC). Vale
assinalar que esses dados não conseguem captar a totalidade da concessão de crédito às pessoas físicas, pois
o varejo empresta aos consumidores
não apenas com base em recursos
tomados no sistema financeiro mas
também com dinheiro próprio.
Logo, é provável que o endividamento total das famílias tenha aumentado mais do que os 40% apurados pelo BC. É evidente que em grande medida esse crédito foi canalizado, pelos consumidores, para a aquisição de bens de consumo duráveis.
Em paralelo, o efeito combinado
do aumento do emprego e da quase
estagnação do rendimento real médio dos trabalhadores ocupados gerou uma elevação da massa de renda
estimada em 4% a 5% (comparando-se o nível de maio de 2005 com o de
maio de 2004). Esse poder de compra é a base para a expansão, relativamente tímida, das compras de alimentos, de roupas e dos demais
itens da cesta básica de consumo.
Chama a atenção o contraste entre
essas duas variações: a dívida dos
consumidores se expandiu bem
mais do que sua renda. É natural que
isso suscite dúvidas a respeito do
prosseguimento desse processo. O
descasamento entre a evolução da
renda e do endividamento das famílias poderá redundar num aumento
preocupante da inadimplência.
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