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RECESSÃO VOLUNTÁRIA
Entre as causas do problema
está a valorização da moeda.
Em nome da ortodoxia antiinflacionária, o banco central retardou ao
máximo a redução dos juros. Além
do efeito depressivo sobre o investimento e o consumo, a combinação
entre juros altos e moeda valorizada é
fatal para as exportações.
A opção por uma política fiscal expansionista poderia eventualmente
mitigar os efeitos recessivos da política monetária escorchante. Os acordos internacionais que colocam a
disciplina fiscal em primeiro plano,
no entanto, impedem essa opção.
O déficit público aumenta, mas como reflexo da perda de dinamismo
da economia, não por um aumento
de gastos para combater a recessão.
O que parece "indisciplina" fiscal
obriga o BC a ser cauteloso quando
se trata de reduzir as taxas de juros.
Elas ficam portanto elevadas demais
por tempo demais, deprimindo ainda mais a economia.
Essa armadilha, embora caiba como uma luva no roteiro seguido pela
política econômica do governo Lula,
instalou-se na União Européia.
O segundo maior pólo econômico
do mundo mergulha numa recessão.
Os mercados de Alemanha, Itália e
Holanda estão encolhendo. No caso
alemão, já são três trimestres consecutivos de contração, a segunda recessão em dois anos.
A situação piora para os europeus
exatamente num momento em que
surgem alguns sinais mais promissores nos EUA e mesmo no Japão.
Também como no Brasil, os interesses financeiros mais conservadores
insistem na necessidade de reformas
para "desengessar", por exemplo, o
mercado de trabalho e o sistema previdenciário. Elas seriam a chave da
sustentabilidade econômica e do
acesso a novas perspectivas de crescimento e investimento.
Na prática, a reação social organizada engrossa ainda mais o caldo. As
greves na União Européia têm contribuído para o desaquecimento da
economia e para a incerteza política.
É um modelo econômico e político
em que as lideranças parecem patinhar numa recessão voluntária.
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