São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2004 |
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ANTONIO DELFIM NETTO Terrorismo
O novo "terrorismo" analítico
que nos domina pretende impor
ao Banco Central uma política ainda
mais conservadora devido à "grave
ameaça de elevação do juro de curto
prazo americano" e ao "complicado
problema do Oriente Médio, que pode
continuar elevando os preços do petróleo". Ele se afirma na crença "científica" de que a taxa de juros real de
longo prazo é, no Brasil, de 10% ao
ano! De onde, então, vem a idéia de que a elevação do "FED Fund" aumentará dramaticamente a taxa de dez anos (que é a referência para o mercado)? Um cuidadoso estudo feito pelo soberbo economista Evan F. Koenig (vice-presidente do Departamento de Pesquisa do Federal Reserve Bank of Dallas) mostra que, só em condições muito severas de pressão e temperatura, o "FED Fund" estaria em torno de 4% no final de 2005. Dada a evidência do gráfico, porque conjeturar um aumento da taxa de dez anos maior que 1% ou 2% nos próximos 12 meses? Nas condições atuais de nossa vulnerabilidade externa, tal aumento é desagradável, mas parece perfeitamente suportável. Por outro lado, o que se sabe, empiricamente, sobre os efeitos dos aumentos rápidos e significativos do preço do petróleo? Quase todos os estudos mostram que, nessas circunstâncias, o nível de atividade dos EUA tende a reduzir-se, ainda que haja uma pequena pressão sobre o nível de preços devido à mudança dos preços relativos da energia. O FED não explicita, mas, aparentemente, seu objetivo é uma inflação entre 2% e 2,5%, com um crescimento de 4% do PIB, o que traria o desemprego lentamente para baixo. Tudo isso, bem considerado, sugere que, a não ser em situação dramática, ele vá aproveitar a pressão "recessiva" do petróleo para ajustar mais cuidadosamente ainda o "FED Fund". A "expectativa" inflacionária nos EUA é de 2,1% para o segundo trimestre de 2005, dentro do curso esperado pelo FED. Não parece, assim, justificado o "terrorismo" de alguns de nossos "cientistas" e, principalmente, dos "falcões" que reinam em nosso Copom. Antonio Delfim Netto escreve às quartas-feiras nesta coluna. dep.delfimnetto@camara.gov.br Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Deitando e rolando Próximo Texto: Frases Índice |
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