São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2006 |
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CLÓVIS ROSSI Delfim, o PMDB e a geléia SÃO PAULO - Difícil saber onde
terminam aquelas galerias de fotos
de implicados nos casos "mensalão" e "sanguessugas" e onde começa a propaganda eleitoral obrigatória. Há uma nítida sobreposição de
caras-de-pau.
Aí, trombo com Delfim Netto na
telinha (não implicado em nenhum
dos casos). Mesmo rosto redondo,
mesmos óculos de grau. Mudou o
partido: agora é PMDB.
Delfim Netto era um dos grandes
ícones do regime militar e o grande
símbolo de sua política econômica,
atacada como "concentradora de
renda" pelos economistas da oposição. Todos estavam no MDB ou nele votavam, até por falta de alternativa (a única era a Arena, o partido
da ditadura).
O MDB derivou, derrubado o bipartidarismo, para PMDB (e os
"economistas da oposição" foram
se acomodando nele próprio ou no
PT ou mais tarde no PSDB).
Como é possível então que o ícone da ditadura e da política dita
"concentradora de renda" esteja
agora no partido de combate à ditadura e à concentração de renda?
Fácil: todos os "economistas de
oposição", exceto os que agora estão no PSOL, renderam-se à políticas que ou continuam concentrando renda ou não conseguem ter
efeito redistribuidor realmente significativo.
Só acrescentaram o sopão dos pobres ou bolsas-esmola.
Delfim ganhou, então, a ponto de
se tornar guru de muita gente no
governo Lula, aquele que era o mais
ácido crítico da política do regime
militar? Ah, se fosse tão simples...
Delfim não ganhou porque faltaram às políticas do último governo
militar e de todos os que o sucederam o ingrediente do crescimento
acelerado dos anos 70 ou dos anos
JK, por exemplo.
Ganhou, pois, a confusão conceitual de que o caso Delfim/PMDB é
um pouco emblemático, mas está
longe de ser o único.
Perdeu o país.
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