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NADA DE NOVO
A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central
de reduzir a taxa de juros em dois
pontos percentuais correspondeu à
previsão dos mercados. A autoridade
monetária persiste em sua política
gradualista e conservadora num ano
que, do ponto de vista do crescimento, mostra-se perdido. A questão é
saber quando, como e quanto a economia poderá voltar a crescer.
Em que pesem os poucos sinais e
os muitos discursos sobre o início da
retomada do crescimento, o fato é
que o país permanece estagnado. A
queda na renda, o crédito caro, o desemprego elevado, a falta de confiança dos consumidores, a justificada
cautela das empresas -tudo continua a conspirar para o prolongamento do atual quadro de baixo dinamismo.
Conforme divulgou ontem o IBGE,
o emprego na indústria caiu pelo
sexto mês consecutivo em julho, acumulando queda de 1,8% no ano. É
verdade que o dado se refere a um período encerrado há seis semanas,
mas levantamentos mais atualizados
continuam trazendo números negativos. É o caso das vendas do varejo,
que na primeira quinzena de setembro foram 1,7% inferiores (descontada a inflação) às de igual período do
ano passado, segundo a Associação
Comercial de São Paulo.
Mesmo que, obviamente, uma taxa
básica de 20% seja menos ruim do
que uma de 26,5%, o fato é que ainda
se trata de um patamar extremamente elevado, muito acima da rentabilidade média de projetos de investimento na produção. Além disso, os
reflexos da política de cortes adotada
pelo BC nas taxas cobradas no mercado têm sido, até aqui, pífios.
Muitos acreditam ser evidente a necessidade de se conceder estímulos
mais firmes e consistentes para a reativação da economia. Nesse sentido,
o decepcionante corte de dois pontos
determinado ontem pelo Copom teve o sabor de mais uma perda de
tempo. Inexplicavelmente, diante de
indicadores enfáticos de retração da
atividade econômica, o BC parece
preferir retardar a oportunidade de o
país retomar o crescimento.
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