UOL




São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

Próximo Texto | Índice

NADA DE NOVO

A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de reduzir a taxa de juros em dois pontos percentuais correspondeu à previsão dos mercados. A autoridade monetária persiste em sua política gradualista e conservadora num ano que, do ponto de vista do crescimento, mostra-se perdido. A questão é saber quando, como e quanto a economia poderá voltar a crescer.
Em que pesem os poucos sinais e os muitos discursos sobre o início da retomada do crescimento, o fato é que o país permanece estagnado. A queda na renda, o crédito caro, o desemprego elevado, a falta de confiança dos consumidores, a justificada cautela das empresas -tudo continua a conspirar para o prolongamento do atual quadro de baixo dinamismo.
Conforme divulgou ontem o IBGE, o emprego na indústria caiu pelo sexto mês consecutivo em julho, acumulando queda de 1,8% no ano. É verdade que o dado se refere a um período encerrado há seis semanas, mas levantamentos mais atualizados continuam trazendo números negativos. É o caso das vendas do varejo, que na primeira quinzena de setembro foram 1,7% inferiores (descontada a inflação) às de igual período do ano passado, segundo a Associação Comercial de São Paulo.
Mesmo que, obviamente, uma taxa básica de 20% seja menos ruim do que uma de 26,5%, o fato é que ainda se trata de um patamar extremamente elevado, muito acima da rentabilidade média de projetos de investimento na produção. Além disso, os reflexos da política de cortes adotada pelo BC nas taxas cobradas no mercado têm sido, até aqui, pífios.
Muitos acreditam ser evidente a necessidade de se conceder estímulos mais firmes e consistentes para a reativação da economia. Nesse sentido, o decepcionante corte de dois pontos determinado ontem pelo Copom teve o sabor de mais uma perda de tempo. Inexplicavelmente, diante de indicadores enfáticos de retração da atividade econômica, o BC parece preferir retardar a oportunidade de o país retomar o crescimento.


Próximo Texto: Editoriais: POLÍCIA BRASILEIRA
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.