São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2005

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Banquete
"Em artigo denominado "Um grande banquete cívico-penal" (Brasil, 15/9), Marcelo Coelho fez uma verdadeira autópsia da vida nacional, usando como pano de fundo os personagens que participaram da celebração da entrega do cheque que Sebastião Buani teria utilizado para corromper Severino Cavalcanti, presidente da Câmara. Sugiro que, a cada novo banquete cívico-penal, tanto nas CPIs -com os novos arautos da moralidade público em êxtase- como nas prisões por atacado da Polícia Federal, seja republicado o artigo de Marcelo Coelho. Bastará apenas alterar os atores da tragédia brasileira."
Lásaro Cândido da Cunha, professor de direito da PUC-MG, doutor em Direito Constitucional pela UFMG (Belo Horizonte, MG)

Severino
"Severino, "o Breve", vai ficar marcado como aquele que chegou à presidência da Câmara por pirraça e irresponsabilidade de 300 de seus pares. Conhecido como rei do baixo clero, fez jus ao apelido. Defendeu o aumento dos vencimentos dos deputados, empregou vários parentes no governo, exigiu -e levou- um ministério "com bastante verba" e uma diretoria da Petrobras, classificou como mero acidente o estupro, defendeu como punição máxima uma advertência para quem usou caixa dois na campanha e por aí vai. O que aconteceu com ele? Nada. Foi chamado de folclórico, de excêntrico e até de autêntico. Porém, em plena era "delúbio-valeriana", foi pego deixando-se corromper por míseros R$ 7,5 mil. Aí foi o fim. O mundo caiu em cima de Severino, agora "o Barato"."
Josué Luiz Hentz (São João da Boa Vista, SP)

Cazuza
"Realmente genial a colocação de Nelson Motta (e também a do deputado Gabeira, que já tem meu voto nas próximas eleições) em cima das músicas do Cazuza ("Cazuza canta Severino", Opinião, pág. A2, 16/9). Cazuza, que saudade, como você é atual!"
Ivana de Souza (Rio de Janeiro, RJ)

Uniformes e publicidade
"Não há como discordar da opinião da professora Lisete Arelaro ("Publicidade e educação", "Painel do Leitor", 15/9). Como ela, também tive experiências como dirigente municipal de educação: em duas oportunidades (1983/1988 e 1993/1996), compondo equipes de governo lideradas por um prefeito que foi um dos fundadores do PSDB (José Santilli Sobrinho). Sempre que alguém, por inexperiência, propunha atividades ou eventos que pudessem contar com algum tipo de parceria, ele nos ensinava: "O melhor patrocínio que a iniciativa privada pode dar para qualquer política pública é pagar corretamente os seus impostos". Que ironia. De lá para cá, aumentaram, simultaneamente, a carga tributária, a "bondade" dos empresários e o cinismo dos políticos, incluídos o de tucanos de alta plumagem. Se é verdadeira a supereficiência da equipe no novo prefeito na gestão das finanças municipais e em algumas renegociações de contratos da gestão anterior, os R$ 70 milhões (ou R$ 150 milhões) do patrocínio para os uniformes escolares poderiam ser perfeitamente absorvidos com recursos próprios -em nome da manutenção do princípio de que determinadas políticas públicas devem, constitucionalmente, continuar sendo atribuições do Estado. As nossas crianças e o Ministério Público agradeceriam."
José luiz Guimarães, professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp (Assis, SP)

Febem
"Li a notícia sobre o afastamento da diretora do complexo da Febem na Vila Maria ("Justiça afasta diretora de unidade da Febem", Cotidiano, 16/9) e, mais uma vez, me pergunto: afinal de contas, o que querem as organizações de direitos humanos? Após meses de absoluto flagelo de jovens e trabalhadores da Febem, quando se inicia um processo para colocar alguma ordem na bagunça deixada pelo doutor Alexandre de Moraes, novamente os trabalhadores são acusados de maus-tratos, de torturar adolescentes. Ora, sou trabalhadora da Febem e gostaria de deixar bem claro: quem está sendo torturado diariamente é o trabalhador da fundação, que ganha um salário ridículo para fazer um trabalho que ninguém quer fazer. E faz isso sem condições de segurança e sem treinamento e vendo serem retirados os poucos direitos trabalhistas que tinha há bem pouco tempo e que haviam sido conquistados a duras penas. Quem vai trabalhar na Febem hoje? Quem serve para a Febem? Qualquer família ou adolescente que apareça com denúncias pode afastar um diretor e sua equipe de funcionários antes que se apure o que realmente aconteceu. Passa da hora de tomar atitudes mais responsáveis e menos sensacionalistas. Que se pare de criar factóides, que se treinem pessoas para trabalhar na instituição, que se pague bem os funcionários e que se puna somente após apurações. Talvez assim reste algum servidor na Febem."
Inês Aparecida do Nascimento (São Paulo, SP)

Imposto de Renda
"Gostaria de poder refutar a declaração do secretário-adjunto da Receita Federal, Ricardo Pinheiro, em relação às suas declarações sobre a redução da alíquota máxima do Imposto de Renda de 27,5% para 25% (Dinheiro, 16/9), mas, ultimamente, tenho trabalhado tanto que não tenho tido tempo para isso. Trabalho honestamente, fazendo inclusive horas extras, para poder pagar a minha parte do imposto e, com o que sobra, tentar pagar as outras despesas que continuam subindo, como aluguel, telefone, luz, água, plano de saúde e outras tantas. Garanto que aquilo que ele chamou de "satisfação de ego de contribuinte" faria bastante diferença nas minhas contas no final do mês."
Paulo Atsushi Sakanaka (Campinas, SP)

Crucifixos
"Acho descabida a proposição de proibir a afixação de crucifixos e símbolos católicos nos tribunais ("Juiz quer retirar crucifixo dos tribunais", Cotidiano, pág. C1, 17/9). Entende-se que o ambiente deva ser neutro, já que existem outras religiões e credos no país, mas existem tantos assuntos no Judiciário -que se diz sobrecarregado- que poderiam ser julgados com mais prioridade. E agora vem parte de Judiciário trazer à tona essa questão, imitando talvez o laicismo do governo francês, que proibiu nas escolas o uso de símbolos religiosos. Isso é falta do que fazer ou apenas motivo para aparecer na mídia."
José Roberto Medina Landim (Ribeirão Preto, SP)


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