|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Mais um fiasco
VIU-SE mais uma vez superada pelos fatos a cantilena diplomática sul-americana contra o acordo militar entre Washington e Bogotá, que dá
aos EUA direito de uso de sete
bases em solo colombiano. A exigência dos vizinhos de garantias
formais a respeito do alcance das
atividades nas bases foi de novo
rejeitada pelas autoridades colombianas na reunião ministerial da Unasul (União das Nações
Sul-Americanas) em Quito.
Nem sequer foi marcado outro
encontro para tratar do assunto,
que, para o chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, está "encerrado". Tampouco foi apresentada cópia do acordo, ainda que a
Colômbia reafirme o respeito à
soberania dos países da região.
Decerto a ampliação do acordo
EUA-Colômbia traz um elemento de desequilíbrio continental
que exige atenção. Mas, além de
um certo isolamento momentâneo de Bogotá, de prático a comoção liderada pelos "bolivarianos" Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales, coro no qual o
presidente Lula logo se perfilou,
não obteve coisa nenhuma.
A Unasul já chegou a Quito
marcada mais pelas gafes e pelo
destempero verbal de seus líderes do que pela relevância. Sobre
o clima de diplomacia festiva que
se ensaiava, e sobre as promessas
de "transparência" em assuntos
militares, impôs-se uma dura
realidade: toda nação resiste a
"prestar contas" quando se trata
de defesa nacional. Essa resistência tende a ser maior se o país
em questão, como a Colômbia,
trava há décadas uma batalha
crucial pela soberania do Estado
contra cartéis de traficantes e
grupos guerrilheiros -papéis
que se imbricam nas Farc.
Há margem para cooperação
militar na América do Sul, desde
que restrita a programas e a temas específicos, que sejam do interesse de mais de um país. Sem
a Colômbia -que ao mesmo
tempo se isola e é isolada- e sem
superar o amadorismo e o populismo que infestam a diplomacia
regional, será impossível levar à
frente essa agenda.
Texto Anterior: Editoriais: Jogo perigoso Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: De armas e perguntas Índice
|