|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
De armas e perguntas
SÃO PAULO - Tentemos uma
olhar brasileiro sobre a decisão do
presidente Barack Obama de cancelar o escudo antimísseis que seu
antecessor queria erguer na Polônia e na República Tcheca. Ontem,
Obama anunciou que, em vez dele,
adotará uma nova "arquitetura de
defesa" que garante ser mais segura, de mais rápida implantação e
mais barata.
A nova "arquitetura" será formada por sensores e interceptadores
tanto a bordo de navios como em
terra. Motivo da troca: a mais recente avaliação da inteligência norte-americana informa que o Irã
-contra o qual se ergueria o escudo
e se erguerá o novo modelo- desenvolve mais rapidamente do que
o previsto seus mísseis de alcance
curto e médio, e mais lentamente os
intercontinentais.
Consequência: pelo menos no
curto prazo, a ameaça, suposta ou
real, é mais para os aliados europeus dos Estados Unidos e o pessoal norte-americano na Europa e
no Oriente Médio do que no próprio território norte-americano.
Passemos então às perguntas,
que, juro, não carregam implícita
nenhuma resposta.
Vamos a elas: o novo modelo, informa a Casa Branca, se tornou possível graças ao desenvolvimento
tecnológico tanto na área de detecção de mísseis como de interceptação. Pergunta: essa tecnologia não
seria muito mais interessante e
mais orientada para o futuro do que
os submarinos convencionais e nucleares ou os aviões que estão para
ser comprados para a Força Aérea,
seja qual for o modelo afinal escolhido?
Explico a pergunta: transferência
de tecnologia é a chave para o negócio com a França, certo? Se os EUA
topam transferi-la, quanto mais
moderna a tecnologia, melhor, certo? Dois: para defender o pré-sal e a
Amazônia, como se alega, um sistema moderníssimo de sensores e interceptadores não é a arma mais
conveniente?
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Mais um fiasco
Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Fichas na mesa Índice
|