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Jovens fora da escola
O BOLSA Família consegue
reter crianças na escola.
Mas, quando o jovem
completa 14 anos, as taxas de
evasão escolar começam a crescer drasticamente, mesmo entre
os que recebem o benefício.
De acordo com pesquisa realizada por Sônia Rocha, do Instituto de Estudos do Trabalho e
Sociedade, a freqüência escolar
de famílias atendidas por programas sociais é maior em todas as
faixas etárias. As principais exigências para participar do Bolsa
Família são renda familiar per
capita de até R$ 120 por mês e ter
crianças ou adolescentes até 15
anos freqüentando a escola.
O problema são os jovens a
partir de 14 anos. A taxa de evasão nessa faixa, que era de 3% aos
13 anos, chega a 7,1% nas famílias
atendidas pelo programa. Nas
que não recebem auxílio, o salto
é de 6,8% para 14,2%. E os índices não param mais de subir.
São várias as hipóteses para explicar o aumento da evasão nessa
faixa. É possível que jovens estejam abandonando a escola para
ingressar no mercado de trabalho, onde ganhariam mais do que
os R$ 15 mensais pagos pelo programa a cada estudante. Outros
fatores que devem contribuir para o fenômeno são as altas taxas
de repetência, a gravidez precoce
e até mesmo o tráfico de drogas,
que costuma arregimentar seus
"soldados" entre jovens das periferias das grandes metrópoles.
Não existe receita única para
dar conta de todos esses problemas, mas parece claro que uma
escola melhor tenderia, se não a
eliminar, ao menos a atenuar
muitos desses fatores. Se o jovem
sentir que está aprendendo e que
isso lhe abre perspectivas, terá
maior probabilidade de continuar estudando. Se a escola oferecer atividades extracurriculares culturais e esportivas, serão
menores as chances de o jovem
envolver-se com drogas.
Programas como o Bolsa Família são importantes para diminuir a miséria e aumentar a freqüência escolar. Só que eles não
substituem uma boa escola. Pelo
contrário, ressentem-se de um
ensino de qualidade, que ainda é
o grande desafio que o Brasil não
consegue resolver.
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