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RUY CASTRO
Perguntas que morreram no ar
RIO DE JANEIRO - Na última vez
que entrei no Odeon, um dos mais
antigos palácios da Cinelândia, Indiana Jones estava enfrentando cobras e lagartos num filme que, nem
desconfiávamos, era apenas o primeiro de uma série. Nesta quinta-feira, o Odeon recebeu outro tipo de
herói: Fernando Gabeira e Eduardo
Paes, candidatos a prefeito do Rio,
que enfrentaram uma trinca de
perguntadores, um deles eu.
Por mais que se queira mostrar
serviço, sempre faltará tempo para
fazer todas as perguntas. Os debates são dinâmicos e, de repente, um
candidato admite que já fumou maconha, o que obriga a uma troca rápida no script. Com isso, certas perguntas vão para o fim da fila, e o debate termina antes da vez delas.
Uma pergunta que gostaria de ter
feito a ambos, por exemplo, seria:
Qual é a mala mais pesada para carregar nesta campanha? O prefeito
Cesar Maia, que apóia Gabeira, ou o
senador Marcelo Crivella, que
apóia Eduardo Paes? Quando Cesar
ou Crivella declara em público esse
apoio, o candidato favorecido sente
o beijo gelado da morte e seu oponente comemora com champanhe.
No dia seguinte, a situação se inverte e é o outro quem sofre.
Queria também ter perguntado
ao candidato Gabeira se ele pretende anistiar os saleiros e açucareiros,
banidos há anos dos bares e restaurantes cariocas pelo atual prefeito e
substituídos por aqueles pacotinhos. Tudo bem, talvez o açúcar pudesse continuar como está. Mas os
saleiros precisam voltar à legalidade -ninguém consegue calcular a
quantidade de sal a despejar daqueles nojentos pacotinhos úmidos.
E, depois de lembrar ao candidato Eduardo Paes sua vertiginosa vida partidária -em 16 anos de carreira, pertenceu ao PV, ao PFL, ao
PTB, ao PFL de novo, ao PSDB e
agora está no PMDB-, queria ter-lhe perguntado de qual partido ele
gostou mais.
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