São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUY CASTRO

Perguntas que morreram no ar

RIO DE JANEIRO - Na última vez que entrei no Odeon, um dos mais antigos palácios da Cinelândia, Indiana Jones estava enfrentando cobras e lagartos num filme que, nem desconfiávamos, era apenas o primeiro de uma série. Nesta quinta-feira, o Odeon recebeu outro tipo de herói: Fernando Gabeira e Eduardo Paes, candidatos a prefeito do Rio, que enfrentaram uma trinca de perguntadores, um deles eu.
Por mais que se queira mostrar serviço, sempre faltará tempo para fazer todas as perguntas. Os debates são dinâmicos e, de repente, um candidato admite que já fumou maconha, o que obriga a uma troca rápida no script. Com isso, certas perguntas vão para o fim da fila, e o debate termina antes da vez delas.
Uma pergunta que gostaria de ter feito a ambos, por exemplo, seria: Qual é a mala mais pesada para carregar nesta campanha? O prefeito Cesar Maia, que apóia Gabeira, ou o senador Marcelo Crivella, que apóia Eduardo Paes? Quando Cesar ou Crivella declara em público esse apoio, o candidato favorecido sente o beijo gelado da morte e seu oponente comemora com champanhe. No dia seguinte, a situação se inverte e é o outro quem sofre.
Queria também ter perguntado ao candidato Gabeira se ele pretende anistiar os saleiros e açucareiros, banidos há anos dos bares e restaurantes cariocas pelo atual prefeito e substituídos por aqueles pacotinhos. Tudo bem, talvez o açúcar pudesse continuar como está. Mas os saleiros precisam voltar à legalidade -ninguém consegue calcular a quantidade de sal a despejar daqueles nojentos pacotinhos úmidos.
E, depois de lembrar ao candidato Eduardo Paes sua vertiginosa vida partidária -em 16 anos de carreira, pertenceu ao PV, ao PFL, ao PTB, ao PFL de novo, ao PSDB e agora está no PMDB-, queria ter-lhe perguntado de qual partido ele gostou mais.


Texto Anterior: Nova York - Fernando Rodrigues: Vai chover dinheiro
Próximo Texto: Gustavo Franco: Responsabilidade limitada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.