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LULA VAI AOS EUA
O anúncio de que o presidente
eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, vai se encontrar com George W.
Bush antes da posse não é propriamente uma surpresa. Não foi apenas
a retórica antiamericana do petismo
que foi bastante contida no período
eleitoral. Dentro da linha de "Realpolitik" progressivamente adotada
pelo grupo de Lula, uma aproximação com autoridades da Casa Branca
e do Departamento de Estado foi encetada ainda na campanha.
Nomes importantes do PT viajaram aos Estados Unidos e lá se encontraram com autoridades graduadas do governo Bush. Uma missão
considerada por alguns norte-americanos como um divisor de águas foi
a do presidente do partido, José Dirceu. O deputado esteve reunido, na
Casa Branca, com alguns dos mais
importantes assessores econômicos
do presidente americano. Também
as articulações da embaixadora Donna Hrinak, em Brasília, e de seu antecessor Anthony Harrington funcionaram como um matiz para a visão
inicial de Washington sobre o PT, na
qual Lula não se distinguia de Fidel
Castro e Hugo Chávez.
Foi sedimentado, portanto, o caminho para pelo menos um início de
relacionamento entre Lula e Bush
menos turbulento. É evidente que o
histórico do PT, que num passado
recente patrocinou um plebiscito
contra a Alca e a favor da "denúncia"
da dívida externa, não será apagado
da memória dos americanos.
A despeito disso, permanecem os
pontos de atrito na agenda bilateral
-como as negociações da Alca e as
ingerências unilateralistas dos EUA
nos organismos multilaterais. O
tempo dirá se o governo Luiz Inácio
Lula da Silva logrará administrá-los
de modo a preservar a firmeza na defesa dos interesses brasileiros (o que
por vezes exige muito discernimento
para não cair nas armadilhas da
"simpatia" norte-americana), sem
recair num antiamericanismo retórico e populista.
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