São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Tragédia motorizada!

ESTAMOS terminando mais um feriadão. Muitos brasileiros emendaram de quinta-feira até hoje. Nas cidades em que se comemora o Dia da Consciência Negra, a folga continua até a terça-feira.
Tempo de feriados, tempo de acidentes. Em Finados, ocorreram, no Brasil, 1.650 acidentes, com 104 mortos e 1.076 feridos.
O que explica essa tragédia? Há motivos ligados às estradas, aos veículos e aos motoristas.
Cerca de 85% das rodovias brasileiras estão aquém dos padrões que garantem conforto e segurança.
Quanto aos veículos, apesar da entrada de grande número de carros novos, grande parte da frota, especialmente no interior, é velha e mal conservada.
Entre os motoristas, cresce o número de novatos que estão dirigindo pela primeira vez e de imprudentes, que não respeitam o bom senso e as regras de trânsito. Basta dizer que 57% dos que morreram em acidentes na capital de São Paulo em 2006 estavam alcoolizados, o que sugere a necessidade de uma fiscalização mais intensa.
Nos últimos dez anos, perdemos cerca de 330 mil vidas em acidentes de trânsito! O Código de Transito Brasileiro, aprovado em 1997, reduziu as mortes só no começo, até o ano 2000. A partir daí, elas subiram. Hoje são cerca de 35 mil mortes por ano.
No Brasil, morrem 100 pessoas para cada mil quilômetros de estrada; na Itália são apenas 10 pessoas; nos Estados Unidos são menos de 7. Os acidentes que ocorrem aqui no Brasil são mais graves. Para cada dez mil ocorrências, os Estados Unidos perdem 65 pessoas. O Brasil perde 909 pessoas. É um absurdo!
Estamos mal mesmo quando somos comparados a países da América Latina. No Brasil, a taxa de mortes no trânsito é de 19 pessoas por cem mil habitantes. No Uruguai, a taxa é de 22; na Colômbia, 21; na Venezuela, 11; no Equador, 10; no México, 4 ("Mortes nas estradas são 4% do total", "O Globo", 7/10/07).
O Brasil perde mais de R$ 20 bilhões por ano com os acidentes e as milhares de vidas preciosas -a maioria jovens de 18 a 30 anos. Não podemos continuar com esse quadro. As autoridades precisam agir com firmeza em todos os campos.
Enquanto isso, você que estará na estrada nos próximos dias, redobre os cuidados. Comece por sua própria conduta para, assim, acumularmos bastante moral para podermos cobrar das autoridades brasileiras medidas duras no trânsito e providências efetivas na infra-estrutura.


antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
escreve aos domingos nesta coluna.


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