|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Tragédia motorizada!
ESTAMOS terminando mais
um feriadão. Muitos brasileiros emendaram de quinta-feira até hoje. Nas cidades em que
se comemora o Dia da Consciência
Negra, a folga continua até a terça-feira.
Tempo de feriados, tempo de
acidentes. Em Finados, ocorreram,
no Brasil, 1.650 acidentes, com 104
mortos e 1.076 feridos.
O que explica essa tragédia? Há
motivos ligados às estradas, aos
veículos e aos motoristas.
Cerca de 85% das rodovias brasileiras estão aquém dos padrões que
garantem conforto e segurança.
Quanto aos veículos, apesar da entrada de grande número de carros
novos, grande parte da frota, especialmente no interior, é velha e mal
conservada.
Entre os motoristas, cresce o número de novatos que estão dirigindo pela primeira vez e de imprudentes, que não respeitam o bom
senso e as regras de trânsito. Basta
dizer que 57% dos que morreram
em acidentes na capital de São
Paulo em 2006 estavam alcoolizados, o que sugere a necessidade de
uma fiscalização mais intensa.
Nos últimos dez anos, perdemos
cerca de 330 mil vidas em acidentes de trânsito! O Código de Transito Brasileiro, aprovado em 1997,
reduziu as mortes só no começo,
até o ano 2000. A partir daí, elas subiram. Hoje são cerca de 35 mil
mortes por ano.
No Brasil, morrem 100 pessoas
para cada mil quilômetros de estrada; na Itália são apenas 10 pessoas; nos Estados Unidos são menos de 7. Os acidentes que ocorrem
aqui no Brasil são mais graves. Para
cada dez mil ocorrências, os Estados Unidos perdem 65 pessoas. O
Brasil perde 909 pessoas. É um
absurdo!
Estamos mal mesmo quando somos comparados a países da América Latina. No Brasil, a taxa de
mortes no trânsito é de 19 pessoas
por cem mil habitantes. No Uruguai, a taxa é de 22; na Colômbia,
21; na Venezuela, 11; no Equador,
10; no México, 4 ("Mortes nas estradas são 4% do total", "O Globo",
7/10/07).
O Brasil perde mais de R$ 20 bilhões por ano com os acidentes e as
milhares de vidas preciosas -a
maioria jovens de 18 a 30 anos. Não
podemos continuar com esse quadro. As autoridades precisam agir
com firmeza em todos os campos.
Enquanto isso, você que estará
na estrada nos próximos dias, redobre os cuidados. Comece por sua
própria conduta para, assim, acumularmos bastante moral para podermos cobrar das autoridades
brasileiras medidas duras no trânsito e providências efetivas na
infra-estrutura.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A descoberta da pólvora Próximo Texto: Frases
Índice
|