São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2010

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Editoriais

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Corrigir o exame

Há decerto algum exagero eufemístico nas palavras do ministro da Educação, Fernando Haddad, ao qualificar como "tópicas", ontem, as falhas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Do ponto de vista dos milhares de estudantes prejudicados, os erros de montagem nas folhas de respostas, que os obrigarão a fazer nova prova, são substanciais.
Não tão graves, contudo, a ponto de exigir a repetição do exame em escala nacional.
Faz pouco sentido chamar todos os estudantes para realizar a prova de novo. Reformulado para tornar-se uma espécie de vestibular nacional, o Enem emprega uma metodologia -baseada na chamada Teoria de Resposta ao Item (TRI)- que em princípio permite comparar o desempenho mesmo que os alunos respondam questões diferentes e em momentos separados.
O fundamento da metodologia está na codificação precisa do grau de dificuldade de cada pergunta, estabelecido por meio de testes prévios. A partir daí, torna-se factível compor provas díspares que representem o mesmo nível de desafio para o candidato.
Simplificando muito a metodologia, que lança mão também de estatísticas complexas, pode-se dizer que não é o conteúdo, mas o perfil dos escores de dificuldade, que garante a isonomia. Corolário óbvio: basta aplicar uma nova prova só para quem foi diretamente afetado pelas falhas.
Como já se defendeu neste espaço, não é hora de retroceder no Enem. Ao contrário, cabe aprofundar a experiência, investindo num banco de questões amplo o bastante para compilar tantas provas quantas forem necessárias ao aumento da segurança e da flexibilidade do teste.
Vai na direção correta a sugestão de Haddad de prolongar para dois anos a validade do resultado obtido no exame e de retomar a ideia de fazer mais de um Enem por ano. Toda iniciativa que contenha o gigantismo e a ansiedade inerentes ao vestibular tradicional trará benefícios claros para a massa de jovens que busca qualificar-se e ampliar seus horizontes nas universidades.


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