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Editoriais
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Corrigir o exame
Há decerto algum exagero eufemístico nas palavras do ministro
da Educação, Fernando Haddad,
ao qualificar como "tópicas", ontem, as falhas no Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem). Do ponto de vista dos milhares de estudantes prejudicados, os erros de
montagem nas folhas de respostas, que os obrigarão a fazer nova
prova, são substanciais.
Não tão graves, contudo, a ponto de exigir a repetição do exame
em escala nacional.
Faz pouco sentido chamar todos os estudantes para realizar a
prova de novo. Reformulado para
tornar-se uma espécie de vestibular nacional, o Enem emprega
uma metodologia -baseada na
chamada Teoria de Resposta ao
Item (TRI)- que em princípio permite comparar o desempenho
mesmo que os alunos respondam
questões diferentes e em momentos separados.
O fundamento da metodologia
está na codificação precisa do
grau de dificuldade de cada pergunta, estabelecido por meio de
testes prévios. A partir daí, torna-se factível compor provas díspares
que representem o mesmo nível
de desafio para o candidato.
Simplificando muito a metodologia, que lança mão também de
estatísticas complexas, pode-se
dizer que não é o conteúdo, mas o
perfil dos escores de dificuldade,
que garante a isonomia. Corolário
óbvio: basta aplicar uma nova
prova só para quem foi diretamente afetado pelas falhas.
Como já se defendeu neste espaço, não é hora de retroceder no
Enem. Ao contrário, cabe aprofundar a experiência, investindo
num banco de questões amplo o
bastante para compilar tantas
provas quantas forem necessárias
ao aumento da segurança e da flexibilidade do teste.
Vai na direção correta a sugestão de Haddad de prolongar para
dois anos a validade do resultado
obtido no exame e de retomar a
ideia de fazer mais de um Enem
por ano. Toda iniciativa que contenha o gigantismo e a ansiedade
inerentes ao vestibular tradicional
trará benefícios claros para a massa de jovens que busca qualificar-se e ampliar seus horizontes nas
universidades.
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