São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Cidadania e memória
"A cidadania plena, num Estado democrático de Direito, pressupõe o acesso à memória do país. Todo cidadão tem direito a consultar os arquivos sob responsabilidade dos poderes públicos. Para nós, historiadores, documentos são muito importantes. Como cidadãos e profissionais, os professores e alunos de história da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vêm a público reforçar a demanda pela abertura imediata e irrestrita dos acervos documentais referentes ao período da ditadura militar no Brasil. Nenhum grupo, nenhum interesse, nenhum pretexto pode estar acima de um princípio de liberdade e de conhecimento que garante à nação brasileira sua própria memória."
Leandro Karnal, professor-doutor, chefe do Departamento de História da Unicamp (Campinas, SP)

Qual benefício?
"O governo Lula anunciou ajuda a bancos e vem aumentando sistematicamente a taxa básica de juros. Pergunto: qual é a diferença entre as políticas econômicas dos governos FHC e Lula? Qual é o benefício que essa política tendenciosa a favor das instituições financeiras proporciona ao cidadão comum?"
Robson Sant'Anna (São Paulo, SP)

Salários
"A Folha publicou em 16/12 que o teto do Judiciário para 2005 poderá ser fixado em R$ 21.500, estando atrelado a isso também todo o Ministério Público, sem contar que nossos parlamentares já demonstraram que o "justo" será os seus salários serem iguais aos dos magistrados. Coitado do primo pobre, que são os funcionários públicos, principalmente os estaduais, que dependem totalmente da boa vontade do chefe do Executivo, no caso o governador. Em nosso Estado, por exemplo, um delegado de polícia, há dez anos sem receber um centavo de aumento, tem o pior salário da Federação. A Lei de Responsabilidade Fiscal só se aplica ao primo pobre?"
Jarbas de Souza Júnior (Assis, SP)

 

"É brincadeira. Assistindo a um telejornal nesta semana, tomei conhecimento do quase certo aumento do salário mínimo a partir de maio de 2005. Enquanto imaginava quais serão os benefícios gerados (principalmente para as classes baixas), fui surpreendido pela grande chance de haver aumento no teto dos salários dos juízes. Se, no Brasil, 12% dos trabalhadores registrados ganham até um salário mínimo, 50% dos não-registrados ganham até dois salários mínimos e o aumento real de 10% no salário mínimo reduz a proporção de pobres em 1,2% (segundo Marcelo Néri, da FGV), por que não reajustar o que tem de ser ajustado?"
Rodrigo Sampaio (São Paulo, SP)

Secretariado
"Em relação ao texto "Cotado para Ambiente critica futuro secretário da Saúde" (Cotidiano, 17/12), considero inadequada a interpretação dada pelo título da referida reportagem, que publicou declarações minhas. Não fiz nenhuma crítica ao futuro secretário da Saúde. No máximo, opinei sobre a necessidade de o indicado, ao optar pela secretaria, ter de se licenciar da diretoria do hospital Albert Einstein por ser essa uma orientação baseada na legislação do SUS. A jornalista desequilibrou seu texto ao não dar a devida importância ao conjunto das minhas declarações, nas quais eu dizia ser o próximo secretário da Saúde um nome credenciado devido ao bom trabalho no hospital que dirige, aos resultados da parceria que fizemos para a implantação do Programa Saúde da Família, no bairro Campo Limpo, entre outros, e ao caráter técnico, e não partidário de suas ações. Por tudo isso, ele tem a chance de desenvolver qualificado trabalho à frente da Secretaria Municipal da Saúde."
Eduardo Jorge, médico sanitarista, assessor do Conasems, ex-secretário municipal da Saúde (São Paulo, SP)

Quentinhas
"A reportagem Laudo aponta coliformes em comida de preso" (Cotidiano, 15/12) merece alguns esclarecimentos. O alimento "rançoso e amargo" provado em 26 de junho pela procuradora numa delegacia, que motivou a averiguação, era na verdade do dia anterior, o que é facilmente comprovável pelo cardápio. A refeição não foi consumida no dia da produção (o adesivo em sua embalagem asséptica determina 'consumo imediato') nem armazenada convenientemente. No dia seguinte, fora da geladeira, é normal que perca condições de consumo. Quando a refeição foi levada para análise no Adolfo Lutz, a De Nadai recolheu, no mesmo instante, outra do mesmo lote e encaminhou-a ao laboratório CDL. Cinco dias depois, encaminhou outra refeição, com o mesmo cardápio, para o laboratório SFDK -os laboratórios CDL e SFDK são centros de referência na análise de alimentos. Nas contraprovas, o índice de microorganismos foi de 3 por grama, isto é, apenas 3% do limite permitido (100 microorganismos por grama). Com base nos laudos, os resultados estão sendo analisados para possível questionamento da maneira como foi enviada, manuseada e armazenada a amostra antes da ida ao Adolfo Lutz. Quanto ao preço, a empresa foi vitoriosa em uma concorrência pública promovida por um governo reconhecidamente sério. Não se pode comparar refeições balanceadas, preparadas por equipes que incluem nutricionistas e engenheiros de alimentos, com o prato feito de um bar qualquer -ainda mais considerando que a De Nadai inclui no cardápio sobremesa e suco e entrega a alimentação quente nos locais determinados pelos clientes. E, no prato feito de um bar, não cabem mais de 500 g de alimento. Na embalagem da De Nadai, a quantidade varia, conforme o cardápio, de 650 g a 750 g."
Carlos Brickmann, assessoria de imprensa da De Nadai Alimentação (São Paulo, SP)

Resposta do repórter Gilmar Penteado - A reportagem se baseou nos resultados de dois laudos feitos pelo Instituto Adolfo Lutz, credenciado pelo Ministério da Saúde como Laboratório Nacional em Saúde Pública e Laboratório de Referência Macrorregional. O texto cita os dois laudos feitos pelos laboratórios particulares, mas também menciona que a Vigilância Sanitária de Santo André, após receber a versão da empresa, optou por rejeitar o recurso da De Nadai em relação ao auto de infração e manteve a multa, "considerando os resultados dados nas análises e o risco apresentado aos consumidores".

Aborto
"Considerando a entrevista do doutor Hélio Bicudo publicada na Folha em 13/ 12, na qual manifesta opinião frontalmente contrária ao sistema internacional de proteção de direitos humanos das mulheres e das meninas e trata o direito ao aborto não como uma questão de saúde pública e de direitos humanos das mulheres, mas como uma "questão de feministas", solicitei meu desligamento do Conselho da Comissão Municipal de Direitos Humanos, do qual o senhor Hélio Bicudo é presidente e do qual eu fazia parte como representante dos direitos das mulheres. Embora sua entrevista, a princípio, não tenha sido concedida na condição de presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos, a manifestação pública de compreensão restrita acerca do alcance da expressão "direitos humanos", da qual o doutor Hélio costuma excluir os direitos das mulheres e os dos homossexuais, não se compatibiliza, a meu ver, com a necessária proposta mais ampla de trabalho da Comissão Municipal. Não posso concordar em participar de um grupo de defesa de direitos humanos cujo presidente não os entenda integrais, universais e indivisíveis."
Mônica de Melo, procuradora do Estado de São Paulo, ex-integrante do Conselho Consultivo da Comissão Municipal de Direitos Humanos (São Paulo, SP)

Boas-festas
A Folha agradece e retribui os votos de boas-festas recebidos de: Restaurante Don Curro (São Paulo, SP); Mario Barcelos, diretor-presidente da IPP Intergrafica Print & Pack Máquinas Impressoras Ltda. (São Paulo, SP); Auto-Union DKW Club do Brasil (São Paulo, SP); Lottenberg Advogados (São Paulo, SP); José Nêumanne Pinto (São Paulo, SP).


Texto Anterior: Flavia Piovesan e Silvia Pimentel: Ilegalidade que rouba a vida das mulheres
Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.