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Brasil investe na incerteza
FELIZMENTE o fim de semana
em que quatro departamentos da Bolívia se declararam
autônomos passou sem violência. As lideranças do governo
central e das regiões rebeldes
evitaram atitudes que pudessem
levar à conflagração. Permanece
aberta, portanto, a via do diálogo.
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva resolveu visitar seu colega Evo Morales durante a convulsão em curso no país. Ao lado
da presidente chilena, Michelle
Bachelet, Lula anunciou uma estrada ligando os portos de Santos
e Arica (norte do Chile), passando pela Bolívia. O projeto, tratado pelo brasileiro como "divisor
de águas", é pouco mais que a reforma de trechos existentes.
A visita de Lula a La Paz também confirmou a volta dos investimentos da Petrobras naquele
país. A cifra de US$ 750 milhões,
a ser gasta até 2012, é substantiva. O objetivo, aumentar a produção de gás nos campos já operados pela estatal brasileira, parece menos vinculado ao projeto
de elevar as exportações do combustível boliviano para o Brasil
do que ao de assegurar a remessa
do volume já contratado, cerca
de 2/3 do consumo brasileiro.
O anúncio de novos investimentos e a visita de Lula despertaram reclamações da oposição
autonomista. O governador de
Santa Cruz, por exemplo, afirmou que Lula estaria "referendando" o governo central no momento em que o pacto federativo
do país e até mesmo os vínculos
nacionais estão em disputa.
O problema desse passo dado
por Lula, no entanto, não foi a visita a Morales nem a opção de
anunciar ali a intenção de investir no país. Evo Morales é o presidente legítimo da Bolívia e é com
ele que Brasília deve tratar esse
tipo de questão. Mas prometer
investimentos numa situação
tão incerta é no mínimo precipitado. Teria sido melhor adiar essa decisão até que o cenário na
Bolívia se desanuviasse.
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