|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
À sombra de Palocci
BRASÍLIA - Antonio Palocci está
subindo rapidamente, Guido Mantega está caindo no mesmo ritmo.
Pelo menos na estratégia econômica, na tática política e especialmente no conceito de Lula.
No início do governo, Palocci foi
muito bem, ao manter a política e a
equipe do tucano Pedro Malan e demonstrar habilidade para impor-se
no PT, dialogar com empresários,
ganhar simpatias na oposição e passar Lula no bico.
Tudo isso ruiu quando, por trás
da máscara do bom moço, surgiu o
líder da turma de Ribeirão Preto, às
voltas com o Ministério Público e
capaz até de usar o arsenal do Estado contra o caseiro Francenildo.
Palocci se foi, mas não foi para valer. Mantega chegou, mas também
não foi para valer. Um é político e
ambicioso. O outro é técnico, dava
lições de economia a Lula durante
suas campanhas, mas, vencida a
eleição, ficou fora da Esplanada dos
Ministérios, no banco de reservas.
Só entrou em campo quando Palocci saiu. E não brilhou.
Quando o Planalto enfim percebeu que a CPMF corria risco, Mantega voltou ao banco e foi Palocci
quem se reuniu com tucanos, articulou governadores, analisou fórmulas -ou seja, negociou em nome
do governo. Perdeu o imposto, mas
voltou ao gramado com a bola toda.
Mantega já vinha acusando o golpe. Em entrevista há uma semana,
declarou que seu grande mérito é
não ter mérito: sem "ambições próprias", não "faz sombra" ao presidente. Ao contrário do titular.
Se Palocci foi o negociador, não
fez sentido Mantega alardear novos
impostos e cortes nas obras do PAC
e nos programas sociais. Tudo isso
pode de fato acontecer, ele não deveria era falar antes da hora.
Dando um "cale-te" à la rei Juan
Carlos no ministro da Fazenda, Lula deixou Mantega ainda mais à
sombra de Palocci. Justamente
quando os "pacotes" estão de volta.
A presidência do Senado está mesmo com urucubaca. Toc Toc.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Vinicius Mota: A autofritura é um dom Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Uma noite, no passado Índice
|