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Volta o (bom) conflito
A CANDIDATURA do tucano
Gustavo Fruet à presidência da Câmara, se for até o
fim, terá o mérito de restituir algum grau de disputa ao processo.
O clima de convescote governista do torneio entre Aldo Rebelo
(PC do B) e Arlindo Chinaglia
(PT) não interessa ao país, pois
sepulta a agenda depuradora que
a sociedade vem exigindo do Legislativo -e submete a Casa ao
Poder Executivo.
É uma pena, porém, que a idéia
original que animava o projeto
de uma terceira via na Câmara
não tenha vingado. Gustavo
Fruet, paranaense de 43 anos, teve atuação de destaque durante
os escândalos que envolveram o
governo no primeiro mandato de
Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda
assim, o fato de ser filiado ao
principal partido de oposição e
de ser pouco conhecido como figura pública fora do círculo parlamentar mina a iniciativa.
A tarefa que se impõe à Câmara, após a devastação causada por
mensaleiros e sanguessugas, pela tragicômica presidência de Severino Cavalcanti e pela tentativa de dobrar os salários dos congressistas, não é trivial. Restituir
autonomia e respeito popular à
função legislativa exigiria um
verdadeiro estadista. Um deputado com sólido respaldo na sociedade, capaz de liderar um movimento suprapartidário, seria o
candidato ideal.
Fruet é o portador, vale reconhecer, de algumas das propostas necessárias para o processo
de depuração da Casa. Defende o
voto aberto em todas as deliberações no Congresso, por exemplo.
Se o tucano não é o postulante
ideal de uma terceira via, o advento da sua candidatura ao menos obrigou o PSDB a recuar do
vexatório apoio à chapa petista.
O fato, portanto, devolve um saudável clima de competição partidária a uma eleição na qual antes
vicejavam o conchavo, a acomodação corporativa e o desrespeito ao público.
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