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PAINEL DO LEITOR
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Haiti
"Afinal uma visão lúcida e realista, que não trata os haitianos nem
como um bando de vítimas passivas
nem como bárbaros violentos e incultos ("Haiti, que ajuda?", Mundo,
ontem).
Parabéns à dupla Omar Ribeiro
Thomaz e Otávio Calegari Jorge,
professor e aluno, que conseguiu
passar uma das únicas imagens
despreconceituosas até o momento
na grande imprensa, mostrando a
outra face de um povo digno e solidário. O corajoso artigo só reforça a
pergunta que muitos vêm fazendo
há tempos: para que serve mesmo a
Minustah?"
MARCIA CAMARGOS, doutora em história pela USP (São Paulo, SP)
"Onde estavam estes milhões de
dólares caridosos que agora aparecem aos montes diante dos possíveis 400 mil caixões de haitianos
um país que talvez já não exista?
Onde estava o portentoso navio hospital americano, equipado com
800 médicos e com capacidade de
realizar 80 cirurgias por dia? Fazendo guerra no Afeganistão, no
Iraque? Não sabem que o verdadeiro terrorismo é a miséria?
Sinto orgulho de ver nossos soldados voltarem feridos e lamento
pela família dos que não voltaram.
E perdemos a doutora Zilda Arns.
Estes, sim, estiveram lá quando
não havia aquele amontoado de
corpos e de caixões. Estes, sim, estavam travando a verdadeira guerra
contra o terrorismo."
ERANDY ALBERNAZ (São Paulo, SP)
Direitos humanos
"Gostaria de contradizer o meu
colega e professor da USP Thomaz
Rafael Gollop ("Painel do Leitor",
ontem), que defendeu a descriminalização do aborto. A questão não
é de religião, mas de direitos humanos. O feto é uma vida humana, e é
distinta da vida de sua mãe. Matar a
criança inocente no ventre da mãe é
o maior desrespeito aos direitos humanos, "o direito de nascer". Se não
respeitamos a vida, nada mais estará seguro. Nem as cobras matam
seus filhotes no ninho. Nesse ponto,
o 3º PNDH está exatamente contra
os direitos humanos."
FELIPE AQUINO, professor-doutor aposentado da USP, campus de Lorena (Lorena, SP)
Fundação Sarney
"Mais um escândalo -de pouca
ressonância? ("Fundação Sarney
desviou R$ 129 mil da Petrobras,
diz CGU", Folha Online, ontem).
Quanto em dinheiro deve ser
desviado para que nossa legislação
funcione? Quanta influência deve
ter o titular de instituição, ou o desviador de verbas, para que as medidas legais cabíveis sejam relevadas
ou sustadas? Enfim, qual é a flexibilidade de nossas leis e de nossa
Constituição?
Por tudo o que está sendo revelado sobre a Fundação Sarney, fica
claro que, "para os amigos do rei e
influentes, não há lei". Será que um
dia a nossa legislação será respeitada e levada a sério?
O honesto fica no desânimo, pois
aqui os poderosos se protegem na
casa-grande enquanto o resto vive
na senzala, aguentando a crescente
carga de impostos para cobrir os
desvios dos "senhores feudais".
Até quando?"
SILVANO CORRÊA (São Paulo, SP)
Cochicho
"O artigo do professor Luiz Felipe Pondé de ontem ("O cochicho do
demônio", Ilustrada) merece os
maiores elogios, apesar de eu discordar de algumas de suas observações drásticas (especialmente no
quarto parágrafo), motivadas,
creio, pela vivência ou frustrações
profissionais.
Tenho 60 anos de magistério.
Sou normalista (com muito orgulho), pedagogo, especialista, mestre
e doutor em educação e me sinto
feliz e realizado. Mesmo assim,
meus parabéns a Pondé pelo magnífico artigo. Ele vai proporcionar-nos momentos lindos de discussão
em sala de aula."
CLÓVIS ROBERTO DOS SANTOS (Santo André, SP)
Medicamentos
"Muito louvável essa tentativa de
barrar a extensão de patente de medicamentos ("SDE faz ofensiva para
impedir que laboratórios tentem
protelar entrada de genéricos", Dinheiro, domingo).
No entanto, fico estarrecida ao
ver os impostos que recaem sobre
medicamentos oncológicos. Meu
marido precisa de 30 comprimidos
de 100 mg ao mês de Temodal, cujo
preço no Brasil é R$ 2.863 para cinco comprimidos (total de R$ 17.178
mensais). Nos Estados Unidos
(consultei via internet), cada frasco
com cinco comprimidos custa US$
993. Tenho um irmão que reside
nos EUA e que poderia mandar-nos
o medicamento, mas a Fedex me informou que, ao chegar, seria somado o valor do frete ao valor pago e
calculado 100% de imposto, que deverá ser recolhido para a retirada do
medicamento. Pude entender então a diferença do preço entre o
Brasil e os EUA O Brasil pode renunciar ao IPI
sobre automóveis mas não pode renunciar aos impostos sobre medicamentos para quem tem câncer?"
MANUELA PAOLETTI (São Paulo, SP)
Intangíveis
"No artigo "O valor dos intangíveis" (Opinião, pág. A2), publicado
no domingo, Emílio Odebrecht expressa com muita competência a
visão contemporânea do que significa uma empresa sustentável.
Ao colocar em pé de igualdade a
importância do capital intangível e
a do tangível, ele mostra que, para
ser sustentável, a empresa não pode deixar em segundo plano a sua
dimensão socioambiental e o seu
papel de agente de transformação
da sociedade."
RICARDO YOUNG, presidente do Instituto Ethos (São Paulo, SP)
Irã
"Em relação à reportagem "Presos pelos quais o Brasil intercedeu
são julgados" (Mundo, 13/1), informo que, na República Islâmica do
Irã, as religiões divinas são reconhecidas oficialmente.
Conforme a Constituição da República Islâmica do Irã, as minorias
religiosas oficiais -o cristianismo,
o judaísmo, os zaratustras- têm representantes no Parlamento e gozam de todos os direitos.
Mas, na prática de um crime,
qualquer cidadão, seja ele muçulmano, cristão, judeu ou outro, é
igual, e o tribunal o julga sem considerações à sua crença.
Mesmo que o bahaismo não seja
reconhecido no Irã como uma religião oficial, nenhuma pessoa é
julgada sob a acusação de ser um bahá'i.
As sete pessoas que estão sendo
julgadas no Irã o estão por crimes
de espionagem, por atos contra a
segurança do país e por repasse de
informações sigilosas aos inimigos
do país. Nunca foi deliberada uma
sentença por causa de alguém ser
seguidor do bahaismo. Além disso,
o julgamento ainda não terminou, e
nenhuma sentença foi proferida.
Portanto, é espantoso que um analista desse conceituado jornal
anuncie tal sentença.
É preciso ressaltar que os membros da seita bahá'i gozam de todos
os direitos da cidadania. Têm presença nas escolas, nas universidades e nos centros econômicos do
país, vivendo tranquilamente."
SEYED MAJID FOROUGHI, chefe da seção de imprensa da Embaixada da República Islâmica do Irã (Brasília, DF)
Resposta do jornalista Marcelo
Ninio - O texto não informou que
a sentença já foi proferida.
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